São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Empresários vetam quem não segue lei

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Wal-Mart trouxe para o Brasil a mesma exigência da rede varejista nos EUA: os contratos com fornecedores e parceiros têm cláusula vetando o trabalho infantil.
Em outros países, ela não realiza negócios com fornecedores que utilizem o trabalho de menores de 15 anos (como prevê a Organização Internacional do Trabalho). No Brasil, o grupo aplica o limite da legislação local (14 anos).
Segundo sua assessoria, o Wal-Mart visita os fornecedores, ao cadastrá-los, para conhecer o ambiente de trabalho. E interrompe a compra de produtos quando não é cumprida a exigência.
Apenas duas pequenas firmas do comércio varejista -a Supermercados Peg-Lev e a Tattá Supermercados- estão na relação de 297 "Empresas Amigas da Criança", programa da Fundação Abrinq.
Essas empresas comprometem-se a não usar mão-de-obra infantil, a divulgar o compromisso a fornecedores e clientes e a desenvolver ou apoiar programas sociais para a formação da criança ou à capacitação do adolescente.
Só quatro firmas da construção civil estão entre as "empresas amigas da criança" (embora haja trabalho infantil em cerâmicas e olarias em todo o país).
A Construtora Oliveira Roxo, de São José dos Campos (SP), foi pioneira ao reunir empresas do Vale do Paraíba comprometidas com a erradicação do trabalho infantil.
Um dos exemplos tidos como mais bem-sucedidos é o da siderúrgica Mannesmann, de Minas.
A empresa informa que suspendeu a compra de carvão vegetal oriundo de florestas nativas e reduziu a 2% a compra de carvão vegetal de florestas de terceiros.
A Mannesmann fiscaliza os trabalhos de empreiteiros na exploração florestal, faz inspeções periódicas nas carvoarias e adota cláusulas em contrato prevendo penalidades para o uso de trabalho infantil nos produtos que adquire.
A Belgo-Mineira constituiu uma subsidiária integral, a CAF Santa Bárbara Ltda., que fornece o carvão vegetal à siderúrgica. Segundo Aluzair Leonel, gerente de recursos humanos da CAF, 40% da produção de carvão é terceirizada. (FREDERICO VASCONCELOS)

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