São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Salário por habilidade ganha espaço

Três empresas adotam o sistema

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas começam a adotar um novo sistema de remuneração para estimular o aperfeiçoamento do funcionário e aumentar a competitividade. O sistema é baseado nas habilidades do empregado.
Trazido dos Estados Unidos, esse novo método privilegia a versatilidade do trabalhador. O que interessa é sua flexibilidade na execução de tarefas, e não seu cargo.
Essa busca pelo aprimoramento pode propiciar ganhos para a empresa e para o empregado, segundo especialistas em recursos humanos ouvidos pela Folha.
As empresas tornam-se mais preparadas para competir, porque reúnem um grupo de pessoas mais qualificadas, o que é essencial para a sua própria sobrevivência.
Os trabalhadores garantem a empregabilidade, conceito que define a facilidade para ser absorvido no mercado. Essa situação fica refletida em seus salários.
Pelo menos três empresas brasileiras estão avançadas na adoção do novo sistema, que já é uma tendência nos Estados Unidos: a Copesul (Companhia Petroquímica do Sul), a Ceman (Central de Manutenção) e a Du Pont do Brasil.
Todas se interessaram pela remuneração por habilidade -divulgada no Brasil pela consultoria Coopers & Lybrand-, após o processo de reengenharia pelo qual passaram para cortar custos e aumentar a competitividade.
A unidade da Du Pont de Paulínia (SP), fabricante de fio elastano (lycra), entre outros produtos, que se preparou por dois anos, desde 1994, para adotar o sistema, informa que a soma de habilidades pode triplicar, em 21 anos, o salário de um funcionário.
Para a fábrica, diz Sady Moreira de Carvalho, gerente de recursos humanos, o grande avanço é o aumento da produtividade. Nos últimos quatro anos, conta, a produção de fio por hora/funcionário aumentou 60%, já considerando-se a nova maneira de remuneração, totalmente estabelecida desde o final de 1996.
"O operador do próximo século será aquele que pode executar várias tarefas numa fábrica. Não vamos falar mais em mão-de-obra, mas em pessoas que pensam e trazem idéias para a empresa."
O trabalhador brasileiro, diz, ainda acha que a empresa é que tem de fazer a sua carreira. "Não é mais assim. A carreira está na mão do empregado."
A Ceman, que faz manutenção industrial em petroquímicas, siderúrgicas etc., trabalhava com 150 cargos antes de optar pelo novo sistema de remuneração.
Hoje, existem na sua estrutura sete carreiras e 463 habilidades, diz Washington Luis Moura Pinho, coordenador de administração e desenvolvimento de seres humanos da Ceman, que faturou US$ 153 milhões em 1996.
A Ceman, que tem 3.400 funcionários, acredita que sua folha de pagamento -hoje, em torno de R$ 4,5 milhões por mês- terá aumento de 3% em decorrência da remuneração por habilidade.

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