São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Por que Blair é o favorito na eleição de hoje

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Se forem derrotados hoje, os conservadores estarão na posição improvável: perder uma eleição tendo a seu favor a economia, o fator que costuma determinar o êxito ou fracasso de quem detém o poder no teste das urnas.
John Major, durante toda a campanha, reforçou o fato de que os conservadores conseguiram transformar "o homem doente da Europa" na economia capaz de atrair 40% dos investimentos externos que chegam ao continente.
O desemprego está caindo, e o nível de renda, aumentando.
Desde sua posse como primeiro-ministro, porém, Major é acusado de líder fraco, falta de direção e erros na condução de políticas, que fizeram cair seu índice de aprovação pessoal e do partido.
A pior crise enfrentada por ele foi a saída do Reino Unido do mecanismo que estabelece banda máxima para a flutuação dos valores das moedas dos países da UE, por causa da ação de especuladores.
Em setembro de 1992, o governo tentou, sem sucesso, manter a cotação da libra esterlina, aumentando a taxa de juros e gastando o equivalente a US$ 17 bilhões de reservas para interferir no mercado.
Antes da eleição, Major também tentou centrar a campanha na idéia de que os valores morais da sociedade britânica estariam a salvo nas mãos dos conservadores.
Logo depois, vieram à tona escândalos sexuais e de corrupção, que acabaram levando sua estratégia por água abaixo.
Some-se a isso todo o desgaste natural sofrido pelos conservadores após 18 anos no poder.
O premiê também não conseguiu dirigir seu partido com o mesmo carisma da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, de quem herdou o governo em 1990.
O carisma tem sido um dos fatores mais decisivos da campanha, marcada pela primeira vez no país por um ar "presidencial".
Não por acaso, Blair tem sido comparado ao presidente dos EUA, Bill Clinton.
"Eles são parecidos em dois aspectos: primeiro, a sofisticação na 'embalagem', o uso eficiente de táticas de relações públicas", disse à Folha o historiador Kenneth Clarke, da Universidade de Oxford.
"Também impressiona Blair o fato de Clinton não estar comprometido com nenhum tipo de ideologia. É mais uma questão de impressão, imagem, e não de compromissos políticos", afirmou.
Como Clinton, o britânico levou seu partido mais para o centro do espectro político.
Quando o presidente dos EUA foi eleito pela primeira vez, os democratas não venciam uma eleição presidencial havia 12 anos.

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