São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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1º de Maio melancólico

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A comemoração hoje do Dia do Trabalho será melancólica. As duas maiores centrais sindicais do país, CUT e Força Sindical, não convocaram grandes atos públicos.
Isso não foi feito por absoluta falta de clima, inexistência de condições conjunturais favoráveis e incapacidade de reação dos líderes sindicais -que, a exemplo dos partidos de oposição no Congresso, não sabem como reagir ao governo FHC.
Disso tudo, o que mais chama a atenção são os números da conjuntura trabalhista nacional.
O alto desemprego em áreas industrializadas -15% na Grande São Paulo, em março- é a principal razão para a desmobilização. Mas o Dieese, maior centro estatístico sindical do país, apurou outros dados que ajudam a compreender a anemia sindical na data de hoje:
1) menos greves - o número de paralisações está em queda vertiginosa no país. No primeiro trimestre do ano passado, o Dieese computou uma média de 103 greves por mês em todo o país. Neste ano, no mesmo período, o número caiu para 65 paralisações mensais -uma queda de 36,9%;
2) menos grevistas - em janeiro, fevereiro e março de 96, havia uma média de 61.191 assalariados em greve por mês. Agora, o número médio é de 38.522 -uma redução de 37,1%;
3) motivação para fazer greve - parece até piada, mas a principal razão para que um assalariado entre em greve hoje em dia é o atraso de pagamento. Foi assim no ano passado e continua assim agora.
Em 96, o atraso de pagamento de salário foi a razão principal de 42% das greves. Neste ano, no mês passado, o percentual era idêntico.
Foi-se o tempo em que o país vivia cheio de greves por melhores condições de trabalho e por aumentos salariais. Hoje, a realidade é bem diferente.
Como os salários ainda são ruins e as condições de trabalho beiram, em alguns casos, a barbárie, fica uma dúvida. Os líderes sindicais são incapazes de reagir ou os assalariados não os reconhecem mais como líderes?

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