São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997
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Mãe e mestra

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Nas comunidades católicas, dedica-se, com afeto filial, o mês de maio a Maria, mãe de Deus e nossa, e a todas as mães. Venerar Maria é sempre reconhecer a infinita bondade de Deus, que a fez bendita entre todas as mulheres.
Acolhemos, à luz da fé, o desígnio divino de escolhê-la para ser mãe do próprio filho de Deus e de preservá-la, assim, de todo pecado. Jesus Cristo, por amor, quis associá-la à sua missão salvadora, fazendo-a participar de seu ministério, do sacrifício na cruz e a ela, como mãe, confiando a igreja nascente.
A devoção a Maria renova em nós a gratidão a Jesus Cristo, por ter-nos unido a ele a ponto de nos permitir, também a nós, de invocá-la e amá-la como mãe.
À medida em que cresce a sintonia com o mistério da salvação, vamos compreendendo melhor a intenção de Deus que, pelo exemplo e proteção de Maria, atrai-nos ao seguimento de Cristo, de quem ela é a primeira e perfeita discípula e, como mãe, estreita os laços de fraternidade entre nós, seus filhos.
Multiplicam-se as formas de expressar o afeto e a piedade filial a Maria. Neste mês, em muitas comunidades, mantém-se viva a tradição de o povo se reunir, especialmente as crianças, para oferecer preces e cantos e coroar com flores a imagem de Maria, mãe e senhora.
Procuremos dirigir nossos pedidos a Deus a fim de que, pela mediação de Maria, nos conceda a conversão pessoal de que mais necessitamos. Unamos, ainda, nossa confiança para rezar pelas nossas mães, rogando a graça de superar a violência e as injustiças que afligem a elas em primeiro lugar e de que somos co-responsáveis.
Louvar a maternidade de Maria é comprometer-se com a dignidade de toda mulher que concebe um filho, a fim de que a vida nascente seja por ela, a exemplo da mãe de Deus, amada e acolhida. Incluamos nessa prece a firme decisão de nos empenharmos para por fim à prostituição e abuso sexual de adolescentes, vítimas do desmando moral e comércio sem escrúpulos.
Pedir a Deus pelas mães é assumir a obrigação de cooperar para que haja condições de vida familiar: alimento, moradia e trabalho.
Pela intercessão materna de Maria, temos que descobrir soluções viáveis de modo que os jovens e tantos desempregados consigam, pelo trabalho, recuperar a esperança e a vontade de viver.
A mãe dá-nos exemplo constante do dom de si e por própria vocação contribui para que cresça no lar e na sociedade o amor gratuito e solícito do bem do próximo. Nasce daí o espírito de solidariedade que deve impregnar as decisões políticas de nosso país a fim de que consigamos diminuir a disparidade social, criando condições de convivência justa e pacífica em que todos possam usufruir das mesmas oportunidades e benefícios.
As romarias aos santuários da padroeira do Brasil, especialmente neste mês, sejam sinal de nossa conversão a Cristo, de nosso compromisso fraterno em favor das populações indígenas, dos sem-terra e do povo da rua.
No coração materno de Maria e de nossas mães encontraremos, com a graça divina, a capacidade de perdoar, de esquecer ressentimentos e de reconstruir amizades, colocando, sempre mais, em prática o mandamento de amor que Jesus Cristo nos ensinou.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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