São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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Primeira-dama britânica prefere o silêncio

The Independent
de Londres

SUZANNE MOORE

Perto do primeiro-ministro Tony Blair há alguém ainda mais dura e ambiciosa do que ele: sua mulher, Cherie. O que quer que Tony Blair tenha, ela tem mais. As pessoas que a conheceram não se cansam de dizer que ela é mais inteligente, mais calorosa, mais hábil no contato com eleitores, mais interessante e cativante do que ele.
Apesar disso, ela foi relegada a um plano totalmente secundário na campanha. Permaneceu muda e recuou todas as vezes em que câmeras apareciam. Seu silêncio tem sido precioso. A estratégia tem neutralizado o medo da supermulher, de tipos como Hillary Clinton. Cherie Booth, 42, tem se mostrado quase subserviente, mas suas conquistas pessoais desmentem essa postura.
Ela é uma das melhores advogadas do país e ganha cerca de US$ 400 mil por ano, mais do que o salário do marido. Cherie pretende continuar sua carreira profissional, tendo uma autonomia que nenhuma outra primeira-dama britânica teve até hoje.
Se isso é viável ou não, ainda não se sabe. Ela quer se tornar juíza, mas é possível que suas ambições entrem em choque com a posição do marido. Ao analisar causas judiciais, ela pode ter de dar veredictos contrários às políticas do Partido Trabalhista.
Além disso, será difícil acompanhar o marido em viagens, coisa que ela já disse a amigos que pretende fazer. Cherie está aprendendo a ser uma acompanhante e, ao fazer isso, tem de desaprender a independência que as mulheres de sua geração tiveram de lutar duramente para conseguir.
Agora, por causa de seu marido, tem de fazer o papel da esposa leal, apesar de o medo de que ela se torne como Hillary Clinton parece ter evaporado. Cherie não se envolveu na disputa que levou Blair à liderança do Partido Trabalhista em 1994 e nunca participou de reuniões para definição de estratégias.
O rigor do Partido Trabalhista para vencer a eleição fez com que Cherie vivesse em um clima de disciplina permanente.

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