São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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PT mantém Buaiz, mas exige ataque a FHC

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT não expulsou o governador capixaba Vitor Buaiz, mas exigiu que ele se afaste do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na reunião do Diretório Nacional encerrada ontem em São Paulo, a ala que propunha a expulsão de Buaiz do PT teve 20 votos, contra 41 do setor que tenta "enquadrar" o governador do Espírito Santo sem apelar para a solução extrema.
"Vamos fazer a derradeira tentativa de recomposição", afirmou o presidente nacional do PT, José Dirceu, após a reunião.
A resolução aprovada é crítica em relação a Buaiz. Começa ordenando a "reconstituição" da relação do governo estadual com os chamados "setores da sociedade que compõem a base do projeto democrático-popular".
O trecho mais duro da nota é o que recomenda medidas e manifestações públicas de Buaiz "para acabar com qualquer dubiedade sobre a sua posição em relação ao bloco de poder no país e sobre o essencial das políticas neoliberais do governo FHC".
A bancada estadual do PT capixaba faz oposição ao governador. As divergências principais estão na reforma administrativa que a atual administração está promovendo. A nota do partido sobre o imbróglio do Espírito Santo também adverte os deputados do PT capixaba ao pedir "críticas num elevado nível de fraternidade".
Buaiz não compareceu à entrevista em que Dirceu comunicou os termos do acordo entre governador e PT. "Mas o Vitor assumiu publicamente o compromisso de adotar a resolução", afirmou o presidente nacional do partido.
Em um mês, a direção do PT fará um balanço sobre o cumprimento ou não do acordo selado no fim-de-semana.
Lula
A direção nacional petista vai se manifestar até amanhã sobre a conveniência de Luiz Inácio Lula da Silva aceitar o convite para se reunir com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Não temos nada contra conversar com o presidente da República, mas precisamos discutir se é o melhor momento", afirmou o presidente do PT.
Para Dirceu, o "autoritarismo" do governo tucano pode desaconselhar uma reunião entre Lula e Fernando Henrique.
O presidente do PT criticou principalmente o teor da entrevista de Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente do BNDES, publicada na edição de ontem da Folha.
Em um dos pontos da entrevista, Barros atacou duramente os advogados que tentar barrar na Justiça o leilão da Vale do Rio Doce. "Estão fazendo terrorismo de Estado e o presidente do BNDES deveria ser demitido", declarou Dirceu.
A cúpula petista também citou frases do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, contra advogados como sinal de que há uma ação coordenada para desqualificar qualquer tipo de oposição.
"Quando Sérgio Motta e Mendonça de Barros fazem esse tipo de declaração, para nós fica claro que quem está falando é o presidente da República", disse Dirceu.
Lula estava propenso a aceitar o convite para conversar com FHC, mas setores importantes do partido estão tentando convencê-lo a mudar de idéia. Teme-se que o petista seja envolvido numa "jogada de marketing" do governo.

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