São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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CPI quer rastrear contas de Solano

Dinheiro no exterior é o alvo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Precatórios vai pedir ao dono da corretora Boa Safra, Fausto Solano Pereira, que assine uma procuração autorizando os senadores a investigar as contas que ele mantém no exterior.
"Ninguém acredita na história sobre o Renê. Só o rastreamento da conta de Solano no exterior vai comprovar se o que ele diz é verdade", disse o senador Vilson Kleinubing (PFL-SC).
O empresário citou Renê à CPI ao explicar o recebimento de um cheque de R$ 9,76 milhões da IBF Factoring. Renê é a pessoa que, segundo Solano, mandou depositar esse cheque em uma operação de transferência de US$ 1,8 milhão que o dono da Boa Safra possuía em uma conta no exterior.
Segundo Kleinubing, o presidente da CPI, Bernardo Cabral (PFL-AM), já assinou o pedido de procuração, que será encaminhado ainda esta semana a Solano.
Com a procuração, a CPI quer checar, no exterior, se houve uma transferência de Solano para outra pessoa, no valor de US$ 1,8 milhão, compensando o dinheiro recebido no Brasil.
A comissão também vai pedir uma procuração ao ex-assessor da Dívida Pública de São Paulo Wagner Baptista Ramos para investigar suas contas no exterior. "Ele já colocou esses dados à disposição da CPI", afirmou Kleinubing.
Kleinubing deve se reunir amanhã com o diretor de Fiscalização do Banco Central, Cláudio Mauch, para discutir a contratação de uma empresa para rastrear e recuperar na Justiça americana o dinheiro desviado pelo esquema dos títulos.
"Sabemos que o BC tem legitimidade para contratar empresas para rastrear o dinheiro, mas ainda temos dúvidas se poderá brigar por ele na Justiça", disse.
O relator da CPI, Roberto Requião (PMDB-PR), mostrou-se descrente com a possibilidade de a quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal de secretários municipais e estaduais revelar novas informações. "Nenhum secretário iria depositar dinheiro de comissão na própria conta", disse.

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