São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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Consumidor ignora alta na prestação

CLÁUDIO EUGÊNIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O encarecimento do crédito não parece ter impressionado os consumidores que foram às compras no fim-de-semana.
O aumento da alíquota do IOF sobre financiamentos ao consumo, anunciado na sexta-feira, entra em vigor hoje.
Em shopping centers de São Paulo, no entanto, poucos se mostraram preocupados com as medidas. Muitos consumidores as ignoravam e os que haviam tomado conhecimento do encarecimento do crédito disseram não estar preocupados.
No último fim-se-semana antes do Dia das Mães, as principais ruas comerciais e os shoppings centers percorridos pela Folha estavam lotadas.
Valéria Bernardo, técnica do Metrô, acha que não será atingida pela nova medida. "Sempre que faço algum financiamento, cálculo direitinho os juros para não entrar em fria".
No sábado, ela comprou dois microondas. Um à vista, para ela, e o outro financiado em 36 meses para a irmã, com prestações de R$ 14.
Cheque pré-datado O cheque pré-datado, que está fora do alcance das medidas do governo por não consistir formalmente num financiamento, continua sendo opção de crédito nas lojas de eletroeletrônicos.
O pequeno empresário Reginaldo Azevedo, por exemplo, comprou no sábado uma geladeira de R$ 1.200 e vai pagar em quatro vezes com cheques pré-datados.
A proximidade do Dia das Mães esquentou as vendas. Wagner Urbano da Cunha, por exemplo, veio de Socorro, no norte do Estado, para fazer entrega e aproveitou para comprar um Vaporetto para sua mãe.
"Prefiro não fazer crediário. Ou pago com cartão de crédito ou com cheque pré-datado."
Marcelo Panetta não gostou da notícia de mudança no IOF. Ele abriu um crediário na G. Aronson para a compra de uma TV e vai pagar em três vezes.
"Eu vou continuar fazendo financiamento porque tenho condições de pagar. O governo deveria atacar o centro do problema, ou seja, resolver o problema das importações", disse ele.
Marcelo Cardoso, que consultava preços de produtos, acha que ficou mais distante o sonho de comprar produtos como carro, filmadoras e televisores.
"Quem usar crediário pode acabar enforcado. Essa medida afeta só o povão. Os ricos não vão parar de consumir por causa do aumento", disse ele.

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