São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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Nemo atiça fogo das pimentas

DO "TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

No extremo sul de Miami Beach está um atraente café chamado Nemo. Ele parece engraçado demais para quem pretende oferecer boa comida -mas consegue.
Sob a batuta de Michael Schwartz, um "chef" autodidata, a cozinha abre passagem para uma coleção impressionante de criações dramáticas, tão deliciosas quanto arquiteturais.
Para revigorar sua cozinha, Schwartz mergulha no mar do Caribe, mas empresta atributos japoneses e do Sudeste Asiático.
O salão principal do Nemo é tão radiante e colorido quanto as próprias ilhas caribenhas. Teto azul, paredes de terracota, banquetas banhadas com jatos de tinta, luminárias hi-tech em cobre e um espaçoso terraço ao ar livre.
A aberta e pequena cozinha é tão próxima de alguns comensais que, em algumas mesas, você pode perscrutar o mais íntimo devaneio romântico do sujeito que está desossando o frango.
Duas outras salas espaçosas aumentam a capacidade do estabelecimento para 200 assentos.
Boa maneira de começar a refeição é saborear os cubos de polenta frita, torrados e sequinhos por fora e quase cremosos no centro, servidos com ketchup apimentado.
Como contraponto, experimentamos rolinhos de salmão curtidos em alho, estofados com filamentos de broto de alfafa e servidos com uma suave maionese com wasabi.
Os grandes e carnudos camarões vieram como se fossem embrulhados para presente. Estavam muito bem cozidos, mas precisavam de um banho em algum molho.
O "chef" adora atiçar o fogo da pimenta jalapeña. Sabendo disso, pergunte ao garçom sobre o potencial incendiário de alguns pratos descritos como apimentados.
A salada vietnamita -tiras de carne dispostas sobre pimentões fatiados, cebolas, brotos de feijão e amendoins- me agradou.
No interior desse prato de aparência inocente, havia um molho incendiário que fez meus parceiros de mesa esvaziar os copos de água -esse não é o real método de temperar à vietnamita.
Uma aposta menos arriscada é a salada de folhas, coberta com queijo parmesão, crocantes anéis de lula frita e molho caesar.
Textura e sabor
Exemplo da melhor cozinha de Schwartz é a entrada de salmão, acompanhada de sementes de abóbora torradas -sensacional casamento de textura e sabor.
Esse prato estava disposto sobre uma salada feita com quatro tipos de broto (você vê muito disso na casa) e pimentão, temperada com um purificador vinagrete de lima.
Experimentamos um robusto sanduíche de pato assado. Aromatizado com tamarindo e distribuído em um rolinho, o sanduíche continha uma camada de queijo tipo fontina -na verdade, o pato era bom o suficiente para dispensar o acompanhamento do queijo.
O prato veio acompanhado por frágeis e finas batatas fritas.
Obras de Hedy Goldsmith, o "chef" da confeitaria, as sobremesas do Nemo foram o ponto alto do nosso tour por Miami. Belas e sem invencionices, são maravilhas que unem textura e balanço.
Entre as muitas criações memoráveis, estão o flã de leite maltado -ilhado com caramelo de tangerina e laranja e servido com biscoitos de chocolate e amêndoas- e o bolo de gengibre jamaicano, com calda de tamarindo e abacaxi e servido com sorvete de macadâmia.
O Nemo oferece uma grande e eclética carta de vinhos, incluindo um número relativo de desconhecidos. Os preços começam nos US$ 20, mas sobem facilmente.

Nemo -100 Collins av., tel. local (305) 532-4550, Miami Beach. Abre diariamente para almoço e jantar.

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