São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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PMDB devolve a FHC escolha de ministros

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PMDB adotou uma estratégia de alto risco e desafiou o presidente Fernando Henrique Cardoso a governar sem o partido.
O PMDB devolveu a FHC, oficialmente, a tarefa de escolher os ministros que seriam indicados pelo partido.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e os líderes do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e no Senado, Jader Barbalho (PA), foram ao Palácio do Planalto e deram a notícia a FHC.
Depois, voltaram ao Congresso e leram a nota oficial nas tribunas da Câmara e do Senado. A nota diz que as lideranças do PMDB "foram instadas" pelo presidente da República a indicar nomes de seus quadros para os ministérios da Justiça e dos Transportes.
Acrescenta que, "no decorrer dos entendimentos, sua Excelência aventou, inclusive, a criação de um novo ministério a ser ocupado por integrante do PMDB".
Depois, afirma que o PMDB, por meio de suas lideranças no Congresso, "resolveu devolver dita escolha para sua Excelência, com total liberdade, admitindo inclusive que os indicados não pertençam aos quadros do PMDB".
Os líderes ressalvam na nota que a exclusão de peemedebistas do ministério não representaria "quaisquer prejuízos no relacionamento de colaboração e solidariedade sempre existentes".
Segundo a Folha apurou junto a lideranças do PMDB, porém, o objetivo é forçar FHC a uma decisão. Ou o presidente opta por governar com o PMDB e aceita as indicações de seus líderes ou assume o risco de governar sem o partido.
R$ 2,67 bilhões
O PMDB também avalia que o atraso nas nomeações acabou retirando poderes do futuro ministro dos Transportes. No final de abril, o ministério fechou a relação dos projetos que serão executados neste ano, no valor de R$ 2,67 bilhões.
Teria tido forte influência na escolha dos projetos o secretário-executivo do ministério, José Luiz Portela, homem de confiança do Planalto. O novo ministro terá de negociar alterações de projetos com o ministro Antonio Kandir (Planejamento), outro tucano.
Apesar dessa limitação, Temer e Geddel querem a nomeação do deputado Eliseu Padilha (RS) para os Transportes. Também veriam com bons olhos a nomeação do deputado Aloysio Nunes Ferreira (SP) para a Justiça.
FHC prefere colocar Aloysio nos Transportes e nomear um senador para a Justiça. As principais lideranças na Câmara já avisaram ao presidente que somente a nomeação de Padilha garantiria o apoio da bancada na Câmara.
Temer vinculou a aprovação da reforma administrativa à entrega dos ministérios ao partido ao afirmar, na semana passada, que "seria útil" se FHC preenchesse os cargos antes de votar a reforma.
Deputados do PMDB que fazem oposição ao governo interpretam a ação dos líderes como uma "chantagem". Eles estariam usando a força da bancada para pressionar FHC a nomear Padilha.
'Cortesia'
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que FHC "agradece a cortesia" do PMDB em reafirmar sua liberdade para escolher os ministros de seu governo.
"O presidente quer reafirmar a importância do PMDB na base do governo e agradecer a contribuição do presidente da Câmara", disse Amaral. Segundo o porta voz, os ministros dos Transportes e da Justiça serão do PMDB, mas não há prazo para a indicação.
Indagado se a demora não está desarticulando a base do governo, Amaral disse que não há nenhum problema na base governista.

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