São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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BNDES vê anomalia na venda da estatal

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O superintendente da área jurídica do BNDES, Cláudio Neves, disse que a situação da compra da Vale pelo consórcio liderado pela CSN "é anômala (irregular)".
Neves se referia ao fato de uma empresa com o processo de privatização "sub judice", como a CSN, participar da compra da Vale, também "sub judice". Ele disse que essa é uma situação difícil para explicar a um estrangeiro.
Neves disse que, até hoje, não foi julgado o mérito de nenhuma das ações contra a privatização da CSN, realizada em 1993, nem da Usiminas, que aconteceu em 1991.
Está previsto para hoje, no STF (Supremo Tribunal Federal), o julgamento do mérito de uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a privatização da Usiminas.
O leilão de privatização da CSN teve 31 ações contrárias e o da Usiminas, 33. A superintendência da área jurídica do BNDES computa 135 ações tentando barrar a privatização da Vale do Rio Doce.
Algumas das ações, no caso da CSN e Usiminas, perderam o objeto, pois pediam apenas a suspensão do leilão. Neves não soube informar o número dessas ações.
"Quanto mais o tempo passa, as coisas se solidificam" e fica mais difícil uma decisão do mérito que reverta as privatizações.
Demora
"O mérito na Justiça brasileira demora a ser julgado", diz Neves, para quem o processo jurídico da privatização da Vale deve "servir de exemplo para os juristas repensarem" os processos da Justiça.
Para Neves, "não se pode impedir o cidadão de recorrer ao Judiciário, mas tem que haver uma sistemática para impedir o que aconteceu com a Vale". Ele ressaltou que "ações com o mesmo texto, assinadas por pessoas diversas, entraram no país inteiro".
O que se precisa evitar, no entender de Neves, "é que haja litigantes de má-fé, agindo em nome do direito da cidadania".
"O direito brasileiro se inclinou muito pela segurança em detrimento da velocidade. Teria que se dar maior presteza ao julgamento", disse ele.

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