São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Polícia não deve ter hierarquia militar

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia deve ter lideranças, mas não hierarquia militar, os salários de policiais e comandantes não devem ser tão díspares, o Estado deve desenvolver mecanismos de fiscalização rigorosa de policiais, além de promover mais interação entre a comunidade e a polícia.
Essas foram as propostas de melhoria da segurança pública apresentadas ontem pelo chefe da Polícia Metropolitana de Toronto (Canadá), Bob Kerr, no segundo dia do seminário São Paulo Sem Medo, promovido pela Rede Globo e pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP.
"No Canadá, estamos reduzindo a hierarquia, 'achatando' a polícia. Dessa maneira, o policial de rua recebe mais responsabilidade e os salários não são tão desiguais", disse Kerr. Segundo ele, o salário inicial de um policial no Canadá é equivalente a R$ 3.000. Um comandante canadense recebe, no máximo, três vezes esse salário.
"No Brasil, o salário de um PM é de cerca de R$ 500, enquanto coronéis chegam a ganhar R$ 15 mil", afirmou o coordenador do NEV, Paulo Sérgio Pinheiro.
Bob Kerr disse que sucessivas denúncias contra a atuação da polícia fez o governo do Canadá aumentar a fiscalização dos policiais, a partir de 1981.
"Hoje os comandantes da polícia canadense têm de fazer entrevistas com os policiais que receberam queixas da população. Além disso, a avaliação do patrulheiro não se baseia em índices tradicionais, como número de prisões ou de multas efetuadas, mas em seu relacionamento com o público."
Kerr e conferencistas brasileiros chegaram à mesma conclusão: A ineficiência da segurança pública não é um problema exclusivo da polícia. O problema é de responsabilidade também do Ministério Público, do Judiciário e de políticas públicas.
"A Justiça precisa contribuir para a melhoria da violência urbana, criando mais oportunidades de acesso à população", disse Paulo Sérgio Pinheiro.
"O Judiciário e o Ministério Público têm sua parte de responsabilidade no problema. Eles deveriam trabalhar em conjunto com a polícia para agilizar e ampliar a resolução de crimes", disse o coordenador das promotorias criminais de São Paulo, Mário Papaterra Limongi.

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