São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997 |
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Índios esvaziam sede de fazenda ocupada
LUIZ FRANCISCO
"Não suportamos mais a morosidade da Justiça e vamos agir para finalizar o processo de ocupação da serra a todo custo", disse o líder Wilson de Jesus Souza, 32. Anteontem, os pataxós retiraram todos os móveis da fazenda Paraíso, ocupada pelos índios há duas semanas. Os fazendeiros reagiram à decisão dos índios e fizeram uma manifestação no centro de Pau Brasil (528 km ao sul de Salvador). Para tentar evitar um conflito entre os índios e fazendeiros, o delegado da Polícia Federal Rubem Paturi, 43, pediu reforço policial no final da tarde de ontem. Segundo Paturi, estão em Pau Brasil cerca de 120 policiais. Em duas das fazendas ocupadas pelos pataxós -Paraíso e Nova Vida 2- os índios construíram acampamentos de lona, semelhantes aos dos sem-terra. Por determinação do líder indígena Wilson de Jesus Souza, os pataxós somente vão entrar na sede das fazendas depois que a comunidade receber a ordem judicial. Ontem, a movimentação foi maior nas fazendas Bom Jesus e Nova Vida 1, ocupadas esta semana pela tribo. Na fazenda Bom Jesus, os índios permaneceram durante todo o dia cantando e dançando. Na entrada da fazenda, os índios colocaram uma faixa. "Trabalho e terra para viver", diz a frase. Um dos proprietários da fazenda Bom Jesus, o engenheiro Minervi Dutra, 36, disse que não vai sair da sede enquanto não for notificado pela Justiça. "Só saio daqui por decisão da Justiça ou morto". Minervi Dutra disse que os policiais federais estão na aldeia de Pau Brasil apenas para proteger os índios. "É inacreditável, mas a Justiça brasileira apóia as invasões e não as propriedades privadas." Os pataxós hã-hã-hãe reivindicam na Justiça há 15 anos uma área de 36 mil hectares na aldeia de Pau Brasil. Em dezembro, o TRF (Tribunal Regional Federal) de Brasília concedeu uma liminar garantindo a ocupação de mais 788 hectares -atualmente, os pataxós administram uma área de 1.079 hectares. As cinco fazendas ocupadas pela tribo integram os 788 hectares cuja concessão foi dada pelo TRF. O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Júlio Gaiger, disse ontem, em Belo Horizonte, que a ocupação das fazendas não é "invasão". "Existe uma decisão do Tribunal de Justiça Federal que tem de ser respeitada (pelos fazendeiros). Se o tribunal assegurou essas áreas para os índios, não há invasão." Texto Anterior: Carros podem ganhar micros Próximo Texto: Projeto propõe porte de arma só para militares, mas abre exceção Índice |
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