São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Projeto propõe porte de arma só para militares, mas abre exceção

Vigilantes particulares também podem solicitar porte

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Está tramitando na Câmara dos Deputados projeto de lei que prevê concessão de porte de armas de fogo para militares, mas abre algumas exceções.
No início do ano, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou lei que transformou em crime o porte ilegal, mas não proibiu que cidadãos requeressem permissão do uso de armamentos.
Estudo desenvolvido pela ONU (Organização das Nações Unidas) coloca o Brasil na liderança da porcentagem de casos de mortes causadas por armas de fogo entre 46 países avaliados.
"Os níveis alarmantes da violência no Brasil têm relação com a quantidade de armas de fogo em poder da população", justifica o deputado Eduardo Jorge (PT), autor do projeto de lei 2.787, que se encontra na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
A proposta proíbe o porte de armas de fogo para "brasileiros e estrangeiros em todo o território nacional", mas faz ressalvas. Além dos militares, podem solicitar porte de arma integrantes dos órgãos de segurança, vigilantes particulares credenciados, entre outros.
Devolução
A proposta prevê ainda a concessão de portes temporários para as pessoas que comprovarem efetiva necessidade de utilização de arma. No entanto, nesses casos, o porte será concedido por um período determinado e será cobrada uma taxa do requerente.
Quem desrespeitar a lei terá a arma apreendida, receberá uma multa e poderá ficar preso entre um e seis anos.
"Sou favorável ao desarmamento amplo e irrestrito. Se você começa a excepcionar os casos em que é permitido o pedido de porte de arma de fogo, no final, todo mundo acaba conseguindo uma arma legal", disse o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Criminais do Estado de São Paulo, Mário Papaterra Limongi.
"É importante a proibição geral do porte de armas, mas é fundamental também haver mais controle do armamento à disposição da Polícia Militar e das Forças Armadas, além de um combate mais intenso ao contrabando de armas no país", disse Sérgio Adorno, do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo).
A lei aprovada em fevereiros deste ano tornou o porte ilegal de arma crime, com pena de um a dois anos de detenção e multa.
A antiga lei o porte ilegal de arma era considerado contravenção penal -estabelecia, no máximo, seis meses de prisão.
São punidos com a mesma pena as pessoas que utilizarem armas de brinquedo para a prática de crimes. A pena aumenta para reclusão de dois a quatro anos caso a arma em questão seja de uso proibido ou restrito.

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