São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Auditoria no Telos vê irregularidades

Terceiros podem ter lucrado com operações em 83

OSWALDO BUARIM JUNIOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Relatório da Trevisan Auditores sobre aplicações do fundo de pensão da Embratel -Telos- aponta que 25% das operações analisadas de compra e venda de ações, entre janeiro de 1983 e dezembro de 1985, podem ter sido usadas em benefício de terceiros.
A Trevisan foi contratada pela Embratel em dezembro para fazer uma auditoria independente no Telos, concluída em 24 de fevereiro. O relatório foi levado ao ministro Sérgio Motta (Comunicações) em março e enviado à CPI dos Precatórios na semana passada.
A CPI investiga o Telos por ter participado de operações com títulos públicos estaduais e municipais emitidos em 1995 e 1996 com a suposta finalidade de pagar dívidas relativas a decisões judiciais.
O relatório informa que o Telos operou, em 83/85, com 140 diferentes papéis, dos quais 61 foram selecionados para teste por serem considerados de pouca liquidez.
Os auditores passaram, então, a analisar operações que representassem mais de 30% do volume de ações negociadas no dia e em valores acima de US$ 10 mil.
Os negócios com papéis de pouca liquidez que possam ter proporcionado ganhos a terceiros somaram, entre compras e vendas, US$ 15,6 milhões em três anos.
A auditoria no Telos foi realizada depois que denúncias levaram à demissão de Paulo César Serracini, então gerente de renda variável do fundo, em dezembro. Serracini respondia por aplicações na Bolsa.
Em depoimento à CPI dos Precatórios, dia 4 de abril, o ex-superintendente do Telos Olival Mantovaneli disse que Serracini é muito rico e que se deslocava no Rio de helicóptero.
Com Serracini foi demitido, também em dezembro, o então gerente de renda fixa Heitor de Barros, responsável pelas compras de títulos públicos que favoreceram intermediários.
A assessoria de imprensa da Telos não quis se pronunciar sobre o relatório da Trevisan. De acordo com a assessoria, o relatório conclui pela suspeição de algumas operações, mas não indica responsáveis ou beneficiários.
Além disso, diz a assessoria, os gerentes foram afastados e toda a diretoria do Telos foi trocada. Paulo Serracini não foi localizado ontem pela Folha.

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