São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Bellocchio realiza drama radiofônico
AMIR LABAKI
Bellocchio lucrou. Cannes, nem tanto. "O Príncipe de Hamburgo" adapta preguiçosamente a tragédia clássica de Heinrich von Kleist. O tema é marcadamente bellocchiano: o embate entre cérebro e coração. A força destruidora do inconsciente já marcara diversas de suas obras mais recentes, assumindo distintas máscaras. Em "Diabo no Corpo" e "O Processo do Desejo", era a máscara da sexualidade. Em "La Visione del Sabba", a da bruxaria. Em "O Príncipe de Hamburgo", a esfera racional é posta à prova pelo instinto guerreiro. O comandante da cavalaria alemã na Guerra dos Trinta Anos contra a Suécia -o príncipe do título- desobedece impetuosamente às ordens superiores e acaba por contribuir para o triunfo numa batalha. Torna-se ao mesmo tempo herói para o Exército e desordeiro para o Estado. É preso e condenado à morte. Se suplicar clemência alegando "injustiça", será perdoado. Mas respeita racionalmente por demais a disciplina e a lei para fazê-lo. Bellocchio deixou o diálogo monopolizar o filme. Reduziu a ação ao mínimo. Fez um drama radiofônico e não uma tragédia filmada. E Cannes, até que se prove o contrário, é um festival de cinema. O crítico Amir Labaki está em Cannes a convite da organização do festival Texto Anterior: Besson dá cara pop ao festival Próximo Texto: Painel; Outdoors; Cannes, 50; Surpresa; Complemento; 25 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |