São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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Sauna Brasil

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Os brasileiros fomos informados ontem do caráter de pelo menos uma parcela da base parlamentar governista. É gente com a qual "só se pode conversar na sauna e pelado", avisa quem entende de base parlamentar governista, o ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
Claro que essa frase se presta a interpretações ambíguas. Ainda bem que outra pessoa que, pelo cargo, é obrigada a entender da base governista, o líder do PTB, Paulo Heslander (MG), ajuda na interpretação.
Além de "na sauna e pelado", só se pode conversar com essa gente "com a chave do armário (em que ficaram guardadas roupas e carteira) bem firme na mão".
Fiz um enorme esforço para dar um conteúdo mais nobre a tão edificantes constatações, mas não consegui. Sou obrigado a suspeitar que parte da base parlamentar governista está sendo chamada, pura e simplesmente, de batedores de carteira.
Heslander deve saber o que está dizendo, até porque pertencia a seu partido, na época, o deputado Pedrinho Abrão (GO), acusado de ter tentado extrair comissão de uma empresa para que fosse incluída no Orçamento uma obra qualquer.
Fiquei esperando, até o fechamento desta edição, que a Sucursal de Brasília mandasse algum texto dando conta do registro de queixa, nas delegacias policiais da cidade, sobre o comportamento do pessoal da "sauna". Nada.
Ou o pessoal da Folha em Brasília está sendo "furado" ou os governistas constatam um comportamento criminoso, mas nada fazem a respeito.
Ou, o que seria pior, continuam conversando com quem merece tanta confiança que só pode ser interlocutor quando não há, por perto, nada que possa ser indevidamente tomado.
Em todo o caso, fica a pauta para os fotógrafos de Brasília: sempre que, na agenda de Sérgio Motta, aparecer, digamos, "16h - sauna", é assunto para a política, não para "faits-divers".

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