São Paulo, quinta-feira, 8 de maio de 1997
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PMDB dá xeque em FHC

FERNANDO RODRIGUES
BRASÍLIA _ O PMDB QUIS DAR ONTEM UMA DE DEEP BLUE.

Assim como o supercomputador da IBM tem apertado o enxadrista Garry Kasparov, o PMDB resolveu dar um xeque no presidente da República.
Não foi um xeque-mate. Mas o lance foi programado para que o embate resulte em, pelo menos, um empate.
Quando todos achavam que esse partido moribundo -que muitas vezes parece ter apenas peões no tabuleiro- estivesse subjugado ao governo, os líderes peemedebistas foram até o Palácio do Planalto para proclamar sua independência.
Há muito de cinismo aí. O PMDB disse em nota pública que devolve ao presidente o privilégio de nomear os ministros dos Transportes e da Justiça. Como se essa prerrogativa não existisse.
Na realidade, a idéia foi jogar no colo de FHC uma equação que os peemedebistas não sabem como resolver. O problema é simples e ao mesmo tempo insolúvel: conseguir alguma unidade entre os líderes do PMDB.
FHC havia dito, em público, que os cargos de ministros dos Transportes e da Justiça pertenciam ao PMDB. E que esperava a indicação dos nomes.
Isso gerou uma quase guerra civil entre os peemedebistas. Desnecessário dizer que havia muito mais candidatos a ministros do que vagas abertas.
O fato de haver muitos pretendentes é algo natural. A anomalia é uma sigla do porte do PMDB não conseguir entrar em acordo sobre quem deve indicar para dois ministérios.
Sem saber o que fazer, os peemedebistas mostraram que preferem deixar a batata quente com FHC.
O presidente está encurralado. Continua a precisar dos votos do PMDB para aprovar algumas reformas. Se indicar os ministros, vai acabar se indispondo com vários postulantes ao cargo -e, quase certo, perderá votos na reforma constitucional.
É inegável que o movimento de peças do PMDB nesse tabuleiro de xadrez foi brilhante.
Resta saber qual será a resposta do outro enxadrista.

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