São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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Corretora londrina resultado do leilão

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Companhia Vale do Rio Doce foi comprada pelo consórcio errado, diz análise da Stephen Rose & Partners, de Londres.
Segundo o principal executivo da corretora, Stephen Rose, o mercado londrino recebeu com surpresa a derrota do empresário Antonio Ermírio de Moraes para o consórcio da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
O resultado do leilão foi "infeliz", diz, por quatro motivos.
1) A CSN, menos forte que o grupo rival, terá de fazer empréstimos que vão onerar seu balanço.
2) Partes da Vale que não cabem bem no grupo CSN, tais como papel e celulose, cairiam sob medida no grupo Votorantim.
3) A concentração da indústria siderúrgica em uma única companhia oferece risco de formação de monopólio.
4) Os planos da Votorantim e da Anglo American para a Vale, que incluíam não "fatiá-la", estavam mais bem definidos.
Paulo Renato Marques, responsável pelas relações da CSN com o mercado, rebate ponto por ponto as críticas de Rose.
1) O endividamento líquido da CSN é de apenas 21% do patrimônio, menor do que a média de 40% das siderúrgicas dos EUA.
2) Qualquer consórcio que vencesse teria sinergia com a Vale em algumas áreas e em outras, não.
3) A CSN quer competitividade no setor siderúrgico, e não oligopólios ou monopólios.
4) Na fase pré-leilão, os consórcios não podiam traçar planos concretos. A CSN não vai fatiar a Vale, porque acha que a soma das partes é menor do que o todo.
Segundo Rose, a vitória do governo na batalha judicial em torno da venda da Vale enviou aos investidores estrangeiros sinais positivos da determinação do governo de levar adiante as privatizações.
Neil Dougall, do banco de investimentos Dresdner Kleinwort Benson, de Londres, diz que a venda, apesar das dificuldades, vai dar ímpeto às privatizações.
Rose atribui a queda das ações da Vale na esteira da privatização à decepção dos investidores com o ágio de 12% em relação ao valor das ações no mercado.
Além disso, afirma Rose, as ações de empresas de mineração não despertam muito interesse nos investidores estrangeiros. Estes, diz, vêem mais chances de lucro nos setores de bens de consumo, telecomunicações e energia, segundo análise do banco.
O interesse, em termos percentuais, no mercado brasileiro tem a seguinte divisão: 26,3% em telecomunicações, 23,8% em energia e 13,1% em bancos. Os outros 36,8% estão espalhados pelos demais setores.

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