São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997 |
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A esquerda dá sinal de vida
CLÓVIS ROSSI Marbella Resort (Chile) - Se eu fosse de esquerda, não escolheria o Marbella Resort, 160 km ao norte de Santiago, para discutir alternativas ao neoliberalismo, o novo nome do capitalismo.Afinal, o Resort tem tudo o que o capitalismo oferece aos "incluídos", de golfe a equitação. Talvez tenha sido escolhido porque o texto-base que partidos e personalidades de centro-esquerda e esquerda da América Latina vão discutir hoje e amanhã não cita uma única vezinha a palavra socialismo. No lugar dela, entra "democratizar a economia de mercado". Rendição? Conversão à social-democracia? Não, responde Roberto Mangabeira Unger, filósofo, professor de direito na Universidade de Harvard (EUA) e brizolista. Para Mangabeira Unger, a versão européia da social-democracia, a rigor a única que ainda existe, é apenas "o neoliberalismo com desconto". Bela frase, embora algo injusta. Traduzida, significa que o pessoal que se reunirá neste fim-de-semana no Chile não quer apenas amenizar os efeitos negativos do capitalismo, pela via das famosas "políticas compensatórias". Quer democratizar o capitalismo, espalhando suas benesses para todos. Poderão ser acusados de tudo, menos de saudosistas. O texto-base diz: "Defendemos um Estado forte e democratizado, não o Estado que temos ou tivemos". Tomado ao pé da letra, pode-se ler como: não queremos mais um Estado que é (ou era) proprietário de empresas como a Vale. Do lado brasileiro, estarão presentes Lula, José Dirceu, Tarso Genro e Marco Aurélio Garcia, pelo PT, Leonel Brizola, pelo PDT, Célio de Castro (PSB, prefeito de Belo Horizonte), Ciro Gomes (PSDB), Zaire Rezende (deputado federal do PMDB-MG). E, talvez, Itamar Franco. Não creio que, com essa turma toda, dê tempo para aproveitar o golfe, mesmo que eu soubesse jogar. Texto Anterior: FOGO CONTROLADO Próximo Texto: A Fiesp e a política Índice |
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