São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997
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A Fiesp e a política

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Parece sepultado, pelo menos por ora, o plano do governo de ajudar a antecipar a sucessão na poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp.
O atual representante dos empresários paulistas, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, estava para ser efetivado no cargo de presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde é vice-presidente.
Ocorre que o presidente da CNI, senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), estava cotado para assumir um ministério. Essa idéia está congelada.
Interessa a um grupo de tucanos de alto escalão, entre eles o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, que a Fiesp seja renovada.
Embora por razões diferentes, isso também interessa a um grupo de empresários paulistas que já se cansaram da vassalagem que a Fiesp sempre prestou com prazer ao governo -qualquer governo, bem entendido.
O mandato de Moreira Ferreira termina no ano que vem. Ele não pode ser reeleito, pois já foi reconduzido uma vez ao cargo.
Se o governo não se aliar aos empresários de oposição, é quase certo que Moreira Ferreira fará, com facilidade, seu sucessor.
Isso significa a manutenção do atual esquema ultrapassado de obrigar empresas a contribuir financeiramente para a Fiesp, como manda a lei.
Uma informação relevante: o orçamento anual da entidade prevê receitas da ordem de R$ 500 milhões. Isso inclui as contribuições sindicais e os orçamentos do Sesi e do Senai.
O incipiente movimento de oposição na Fiesp pretende acabar com a adesão e contribuição compulsórias das empresas. Só participaria a indústria que contribuísse de forma voluntária.
Além disso, os empresários de oposição querem profissionalizar a diretoria. Tudo para evitar as frases anódinas ou desastradas que já se tornaram praxe quando presidentes da Fiesp opinam sobre questões polêmicas.
Está aí mais um grupo de oposição bem-intencionado no país. Mas é difícil precisar suas chances de prosperar.

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