São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Há doenças que, no início, nem são percebidas

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) que mais tem aumentado (mais até do que as clássicas sífilis e gonorréia) começa com uma ou mais verrugas microscópicas -invisíveis a olho nu- no pênis ou na vagina.
Mas elas crescem rapidamente. Num espaço de 30 dias, podem chegar a meio centímetro cada uma. Essas verrugas são sangrentas (quando a pessoa passa o dedo, elas sangram) ou não (parecidas com uma verruga normal). Tal doença é chamada de condiloma e causada pelo vírus HPV.
É curável, mas, se não for tratada no início, pode desenvolver uma lesão pré-cancerosa, diz o urologista Ricardo de la Roca. A relação do vírus com o câncer de útero foi descoberto por pesquisadores no início dos anos 90. "Se a menina contraiu o vírus aos 17 anos, pode vir a ter câncer aos 30", diz o ginecologista João Alfredo Martins.
Por isso, começou a vida sexual, independentemente da idade, a menina tem de fazer consultas anuais ao ginecologista.
Outra doença causada por vírus: a herpes genital. Provoca o surgimento de uma espécie de bolhinhas de água no pênis ou na vagina. É bastante dolorida. A doença não tem cura, mas é possível amenizar os sintomas e a frequência dos surtos com medicamentos.
Além das doenças causadas por vírus, há uma série de bactérias e fungos transmitidos por contato sexual. Balanopostites é uma delas, que acomete mais a área genital masculina, mas que pode ser transmitida a ela, e vice-versa -no caso de a garota ter contraído a doença de um antigo namorado.
Provoca coceira, vermelhidão e mau cheiro no pênis. Como é contraída? Fazendo relação sem camisinha, anal ou vaginal. No ânus, habitam várias bactérias, que não fazem mal ao intestino, mas em contato com o pênis ou a uretra causam um processo infeccioso, que vai atingir a parte externa do pênis ou as vias urinárias.
A incidência de balanopostites é muito frequente por mau hábito de higiene, como fazer sexo e não se lavar em seguida.
No caso de a menina ser contaminada, pode desenvolver uma vulvovaginite. Os sintomas são corrimento e infecção da vulva e da vagina.
Extremamente comum em meninas, segundo o urologista, mas que também pode ser contraída pelos meninos, é a candidíase mucosa. Trata-se de um fungo que "gosta" de umidade. Pode ser adquirida na água do mar ou piscina não devidamente clorada.
Provoca um corrimento branco, muita coceira e ardência depois da transa. Esse fungo se instala na vagina e pode se transformar também numa vulvovaginite. Se a garota pegar e transar com o garoto sem camisinha, pode passar a doença para ele. Nesse caso, a glande (cabeça do pênis) é que fica inflamada. Segundo Martins, o garoto pode até não apresentar nenhum sintoma visível. Como resultado, pode passar o fungo para outra garota sem saber. É bom lembrar que as contaminações são evitadas com o uso da camisinha sempre, durante toda a transa, não só durante a penetração vaginal.
O diagnóstico precoce das DSTs é fundamental para evitar complicações no futuro. "Quanto mais tempo passar, pior, podendo chegar à infertilidade em alguns casos", diz o ginecologista Martins.

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