São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 1997
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Líbano é exemplo de convivência, diz papa

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O papa João Paulo 2º terminou ontem uma visita triunfal ao Líbano, com apelos em favor da paz no Oriente Médio e da total independência e democracia no país.
Falando no aeroporto, no final de uma visita de 32 horas, ele pediu que cristãos e muçulmanos se reconciliem em todo o mundo. Disse que o Líbano é hoje um exemplo de coexistência das duas religiões e culturas.
Nos três discursos feitos no Líbano, o papa defendeu a soberania do país. Indagado sobre por que João Paulo 2º não fez nenhuma referência direta à Síria, que mantém 35.000 soldados no Líbano, e a Israel, que ocupa o sul do país, o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls, respondeu: "Porque não era necessário".
O papa viajou de volta para Roma num vôo especial da companhia libanesa Middle East Airlines.
Recepção calorosa
João Paulo começou o dia com uma viagem de 20 km no "papamóvel", entre a estação balneária de Junieh, ao norte da capital, e o centro de Beirute.
Todo o trajeto estava enfeitado com arcos de flores, e pelo caminho centenas de milhares de pessoas esperavam para vê-lo.
A visita, a primeira de um papa desde 1964, recebeu uma acolhida que ultrapassou as melhores expectativas do clero libanês, segundo Navarro-Valls.
No centro de Beirute, o papa rezou missa campal para mais de 300.000 pessoas. Foi a maior concentração de cristãos desde a guerra civil. No confronto, entre 1975 e 1990, os grandes perdedores foram os cristãos.
João Paulo 2º celebrou a missa num grande pódio branco em forma de cedro, a árvore que simboliza o Líbano.
O pódio foi erigido na praça dos Mártires, na grande esplanada próxima ao porto de Beirute. A área, destruída durante a guerra civil, está em plena reconstrução.
O altar foi feito com pedras procedentes das 17 civilizações que compõem a história de Beirute. Durante a missa, o papa cantou nos cinco idiomas empregados na liturgia do rito do Oriente: árabe, sírio, caldeu, latim e grego.
No sermão, João Paulo 2º disse que o sofrimento recente dos libaneses não foi em vão. "Ele vai reforçar a sua liberdade e unidade," afirmou.
A mensagem em favor da liberdade, soberania e democracia do país foi reforçada por um documento dele de 200 páginas sobre o futuro do Líbano, divulgado depois da missa.
Com ênfase na reconciliação, e não nas recriminações, a declaração é cuidadosa em não reforçar as tensões entre cristãos e muçulmanos e não ofender os poderosos vizinhos do país.
O documento não menciona a Síria e Israel e não ecoa o duro apelo feito pelos bispos libaneses pela retirada das forças desses dois países, num sínodo realizado no Vaticano em 1995.
Mas o papa pediu a desocupação de forma indireta, ao afirmar que o Líbano deve recuperar "a total independência, completa soberania e liberdade sem ambivalência".
No sábado, João Paulo 2º havia vivido outro grande momento de sua visita ao Líbano, quando falou a 15.000 jovens cristãos na basílica de Nossa Senhora de Harissa, ao norte da capital. Ele exortou a juventude a "derrubar os muros do ódio".

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