São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997
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Presos mortos estavam jurados de morte

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRAIA GRANDE

Os três presos mortos durante a rebelião de ontem na Cadeia Pública da Vila Tupy, em Praia Grande (litoral paulista), são José Carlos Moreira Braz, 30, acusado de estupro, José Rosa dos Santos Filho, 26, suposto assassino de uma família inteira, e Paulo Sérgio Freitas Marques, doente de Aids.
Eles estavam nas celas do "seguro", reservadas aos jurados de morte. Cerca de 20 presos do "seguro" ainda eram mantidos sob ameaça de morte até ontem.
Marques teria morrido com um tiro na cabeça, que os presos disseram ter sido disparado por policiais. Já o diretor da cadeia, delegado Carlos Schneider, afirmou que os autores das mortes foram os rebelados, armados com estiletes. Além dos três mortos, outras 17 pessoas ficaram feridas.
Os presos atearam fogo em colchões, quebraram as trancas das grades e depredaram parte das instalações da cadeia. Bombeiros foram chamados na madrugada para conter o fogo. Essa é a quinta rebelião em cadeias da Baixada Santista em menos de um mês.
Não houve reféns, mas o motim, causado pela superlotação, não tinha acabado até as 23h de ontem porque os presos estavam fora das celas. As negociações serão retomadas hoje. A cadeia tem 80 vagas, mas abrigava 275 homens.
No acordo firmado entre policiais e presos, os amotinados obtiveram a garantia da transferência de dez detentos condenados a cumprir pena em regime fechado.
Após a remoção dos quatro primeiros presos, os rebelados fizeram novas exigências.
A condição para transferência dos outros seis presos, e o consequente fim da rebelião, era o compromisso de remoção de 37 detentos que teriam direito a cumprir pena em regime semi-aberto.
O delegado titular de Praia Grande, Elpídio Ferrarezzi, informou que, até a tarde de ontem, tinham sido obtidas três vagas em presídios semi-abertos da Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penais), órgão da Secretaria Estadual de Assuntos Penitenciários.
A rebelião começou à 1h30 de ontem depois de uma tentativa de fuga frustrada. Os presos abriram um buraco no teto de uma das celas e estavam saindo, mas voltaram ao serem vistos pela polícia.
Os policiais não entraram no pátio da cadeia para fazer a revista das celas porque havia grades destrancadas e risco de que funcionários acabassem sendo tomados como reféns.

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