São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LIVROS "DIDÁTICOS"

Pela segunda vez, o MEC (Ministério da Educação e do Desporto) promoveu a avaliação das obras que entram no Programa Nacional do Livro Didático. A iniciativa tem duplo sentido. Em primeiro lugar, trata-se de excluir os livros com erros factuais, desatualizados ou que incentivem o preconceito. Faz também uma análise qualitativa das obras inscritas e lhes atribui notas, que deveriam servir de referencial para o professor.
A iniciativa é mais do que louvável, ainda mais quando se verifica que aumentou o rigor na avaliação. É um imperativo impedir que cheguem às mãos dos estudantes livros com, por exemplo, erros grosseiros em ciências, imprecisões em matemática e preconceitos sociais. Ademais, muitos textos sugerem experimentos sem valor científico ou pedagógico e que, ademais, envolvem riscos para a saúde dos educandos. Estarrecedor é que escaparam de apresentar esses e outros defeitos, segundo o MEC, apenas 14,5% dos livros.
Já a idéia de estabelecer referenciais para os professores, em que pese algumas críticas contra um suposto dirigismo, parece ser um dado da realidade. Poucos ignoram o despreparo de grande parte do corpo docente da rede pública nacional, profissionais que em geral recebem baixos salários e desatualizados. Nesse quadro, parece mais do que necessário que os livros didáticos sejam analisados e chancelados por especialistas.
As editoras, que reivindicam uma discussão com os avaliadores, a fim de que possam tentar justificar suas obras, faz sentido. O avaliador isolado não é infalível e, ele próprio, se guia por critérios que não são necessariamente uma verdade absoluta e acabada. Essa argumentação, evidentemente, vale para livros que não contenham erros grotescos, mas apenas diretrizes diferentes daquelas consideradas ideais pelo MEC.
De qualquer forma, tratando-se apenas de uma segunda avaliação, há de se convir que o processo é necessário, ainda que deva ser, ao longo do tempo, aperfeiçoado.

Texto Anterior: ARRUAÇA POLÍTICA
Próximo Texto: Temos uma crise
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.