São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997 |
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91% dos paulistanos defendem CPI; aprovação a FHC cai 7 pontos
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Foram entrevistadas 1.080 pessoas. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento indica ainda que o escândalo causou uma queda significativa na popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso. Num período de apenas dez dias, a aprovação presidencial caiu sete pontos percentuais. Em pesquisa feita em São Paulo nos últimos dias 5 e 6 de maio, 41% dos paulistanos avaliaram o governo de FHC como ótimo ou bom. Ontem, esse percentual havia caído para 34%. Ao mesmo tempo, as pessoas que avaliam a administração do presidente como regular oscilou de 40% para 42%. O grupo dos que a consideram ruim ou péssima aumentou de 19% para 23%. Os que não sabem avaliar somam 1%. Não foi apenas o Executivo que saiu chamuscado da denúncia. A avaliação dos parlamentares entre os paulistanos, que já não era boa, ficou ainda pior. O percentual dos que acham o Congresso ruim ou péssimo subiu de 38% para 48%. Os paulistanos que engrossaram o rol dos críticos do Congresso vieram do grupo que, antes da crise, avaliava a atuação dos parlamentares como regular. Esse contingente caiu de 45% para 37%. A existência de conversas de dois deputados, gravadas em fita magnética, é uma hipótese para explicar o desgaste maior do Legislativo do que o do presidente. A referência ao Executivo é indireta. O nome do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, aparece citado várias vezes nas gravações como implicado no esquema de compra de votos, mas não teve nenhuma conversa sua gravada. Mesmo assim, o desgaste do Executivo é um dos maiores que ele já sofreu. Os 34% de aprovação equivalem aos percentuais que FHC obteve no seu primeiro ano de governo (32% em fevereiro e em dezembro de 1995). O percentual só não é mais baixo do que quando ele atingiu seu pico de impopularidade, em maio de 1996, logo após o massacre dos sem-terra em Eldorado do Carajás (PA) e das mortes dos pacientes de hemodiálise em Caruaru (PE). Naquela ocasião, o presidente chegara a só 25% de aprovação. A partir dali, FHC vinha recuperando popularidade. Seu índice de ótimo/bom subira para 44% em dezembro de 1996 e atingira o cume em fevereiro passado, logo após a aprovação da emenda da reeleição da Câmara. Na ocasião, o presidente desfrutava de nada menos do que 56% de aprovação. Desde então, esse percentual só fez cair. Talvez por efeito da marcha dos sem-terra e da batalha em torno da venda da Vale, sua popularidade caíra para 41% no início de maio. Segundo a pesquisa feita ontem, é entre os mais pobres e com menor escolaridade que FHC enfrenta mais críticas. Para 26% dos que ganham menos de R$ 1.200,00 por mês, sua avaliação é ruim ou péssima -contra 31% de ótimo/bom. Entre os que têm renda familiar mensal maior do que R$ 2.400,00, 45% aprovam o presidente e apenas 16% o rejeitam. É, portanto, entre os chamados formadores de opinião que o presidente ainda tem seu maior reduto de apoio. No caso do Congresso, a piora da avaliação tem outras implicações. Para 97% dos paulistanos, os deputados envolvidos no escândalo deveriam ser cassados. Só 2% acham que eles não devem perder seus mandatos. A perda de popularidade do Congresso por conta do episódio fez com que, pela primeira vez, o grupo dos que consideram a instituição ruim ou péssima ultrapassasse o dos que a avaliam regular. Os paulistanos também são críticos em relação aos governadores envolvidos no escândalo. Para 55%, Amazonino Mendes (AM) e Orleir Cameli (AC) deveriam se afastar de suas atribuições; 27% defendem que eles renunciem. Texto Anterior: Boataria agita os mercados Próximo Texto: Suspensão tem maioria Índice |
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