São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Procuradoria investiga desvio de carga

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Procuradoria da República em São Paulo vem investigando, sigilosamente, há mais de um ano, uma quadrilha que desviou centenas de milhões de reais em cargas no aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, Grande São Paulo. A informação foi revelada com exclusividade à Folha ontem.
Os contêineres, desviados com documentação falsa, não eram fiscalizados em nenhum momento. Onze empresas de transporte estão sendo alvo da investigação, que deve se estender para despachantes aduaneiros, importadores, funcionários dos armazéns, da Receita Federal e até da Infraero (empresa que administra o aeroporto).
As cargas foram desviadas no meio do caminho entre o aeroporto e os diversos armazéns alfandegados, extensões da alfândega para armazenagem de contêineres que aguardam fiscalização e liberação por parte da Receita Federal.
O transporte dessas mercadorias só pode ser feito por empresas previamente cadastradas na Receita Federal, por meio de um documento chamado DTA (Declaração de Transporte Aduaneiro).
Pelo trâmite normal, a carga era deixada no seu destino e uma via da DTA, preenchida por funcionários do armazém, era entregue no aeroporto, comprovando o envio da mercadoria. Pelo esquema da máfia de Cumbica, a carga era desviada no meio do caminho e uma DTA falsificada era entregue no aeroporto.
O caso está sendo investigado por três procuradores da República: José Ricardo Meirelles, Maria Cristiana Simões Amorim e Maria Iraneide de Olinda. A apuração já tem mais de 15 volumes de documentos, dos quais mais de mil formulários de DTA falsificados.
Apesar de investigar o esquema de corrupção desde novembro de 95, Meirelles afirma que ainda não conseguiu levantar o montante exato que foi desviado, nem se a irregularidade parou de acontecer. "Com certeza milhões e milhões foram desviados em cargas. O volume é muito grande. Nada em Cumbica é pequeno."
Todas essas transportadoras foram descredenciadas pela Receita Federal entre o final do ano passado e o início deste e não podem mais levar cargas do aeroporto até os armazéns de estocagem.
No entanto, o procurador afirmou que todos os envolvidos só serão identificados quando a denúncia for oferecida. Ainda não há prazo para isso. "É muita responsabilidade. Só vamos divulgar quando tivermos certeza."

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