São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Brasil joga fora R$ 20 mi em antibióticos

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cerca de 30% dos 12 milhões de pacientes que se internaram em hospitais conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde) no ano passado tomaram antibióticos sem apresentar qualquer tipo de infecção. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde.
Isso significa que R$ 20 milhões são desperdiçados por ano com a compra de antibióticos que não deveriam ser usados. O gasto anual do governo federal com esses medicamentos é de R$ 500 milhões.
O uso indiscriminado de antibióticos é apontado como uma das principais causas do alto índice de infecções hospitalares no Brasil. O antibiótico, usado de forma errada, faz com que as bactérias fiquem cada vez mais resistentes a remédios, debilitando as defesas do organismo.
Os hospitais públicos são os que têm maior índice de infecção hospitalar no país: de cada 100 pacientes internados, 18 são infectados. O uso de antibióticos também é mais frequente nos hospitais públicos e filantrópicos do que nos privados.
Os procedimentos em que há maior risco de contrair infecção hospitalar são a colocação de sondas vesicais e de cateteres venosos.
Campanhas
Em 96, 1,6 milhão dos 12 milhões de pacientes que se internaram em hospitais do SUS contraíram infecção hospitalar. O Ministério da Saúde anunciou ontem a meta de reduzir esse número para 480 mil pacientes por ano até o fim de 98 -uma queda de 70%.
Para isso, fará duas campanhas junto à comunidade médica: uma contra o uso indiscriminado de antibióticos e outra reforçando a importância da lavagem de mãos nos hospitais.
Já foram confeccionados 25 mil cartazes sobre os perigos do uso abusivo de antibióticos, que serão distribuídos a partir de hoje pelos 6.000 hospitais do país.
"Se não lavar as mãos, não adianta nada ter um hospital limpo porque as bactérias serão transmitidas de um paciente para outro", diz Zenaide Paiva Gadelha, coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde.
A expectativa do governo é que a redução na taxa de infecção hospitalar resulte em uma economia de R$ 200 milhões por ano. "Em média, a infecção hospitalar aumenta em quatro dias o período necessário para a internação do paciente", afirma Antônio Werneck, secretário de Assistência à Saúde.

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