São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Aumenta o rombo nas contas externas

CARI RODRIGUES

CARI RODRIGUES; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Déficit em transações correntes alcança 3,9% do PIB e o país perde US$ 3,9 bilhões em reservas internacionais

GUSTAVO PATÚ
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília
O déficit nas contas externas do país atingiu o equivalente a 3,9% do PIB (Produto Interno Bruto) em abril. Nunca o resultado esteve tão distante do limite desejado pelo governo, de 3% do PIB.
Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central, que também registrou uma perda de US$ 3,939 bilhões em suas reservas em moeda forte, que caíram de US$ 60,110 bilhões no início do ano para US$ 56,171 bilhões em abril.
Mede-se o déficit externo pelo critério chamado transações correntes: é a soma dos resultados da balança comercial (exportações menos importações), da balança de serviços (juros, lucros, seguros, transportes etc.) e das transferências voluntárias de dinheiro entre países.
A partir desse resultado, é demonstrada a dependência do país em relação ao capital estrangeiro que entra para especular no curto prazo ou como investimento de mais longo prazo.
Quando não entra o suficiente para cobrir o déficit em transações correntes, o país perde reservas.
O déficit externo é considerado uma ameaça ao Plano Real porque o país se tornou mais dependente do capital externo.
Em tese, aumentou o risco de, em um quadro de instabilidade política ou econômica, o país perder dólares com uma fuga de investidores externos -como aconteceu com o México no final de 94.
O déficit é um efeito colateral do Real, que baseou o controle da inflação na sobrevalorização da moeda nacional em relação ao dólar, barateando as importações.
Sempre que o país cresce mais, as importações disparam e as contas externas se fragilizam.
O déficit atingiu US$ 10,722 bilhões de janeiro a abril deste ano, o que representa um crescimento de 106,94% em relação ao valor registrado no mesmo período do ano passado -US$ 5,181 bilhões.
Em 1993, o déficit corrente ficou em apenas US$ 1,689 bilhão.
Até abril, o déficit externo já atingiu US$ 29,888 bilhões acumulados nos últimos 12 meses -o equivalente a 2,9% do PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país em determinado período.
O déficit na balança comercial nos primeiros quatro meses deste ano foi 15,7 vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado -US$ 254 milhões.
A remessa de lucros e dividendos para o exterior também disparou: passou de US$ 256 milhões, no primeiro quadrimestre de 96, para US$ 1,784 bilhão agora em 97.

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