São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Indiano mostra arte secular do kathakali

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando esteve em São Paulo para realizar um workshop e uma demonstração solo de dança kathakali no Sesc, em dezembro passado, o indiano Karunakaran deu uma pequena introdução sobre uma arte secular, que integra música, dança, teatro e literatura.
As apresentações desse grupo, que integra o Centro Internacional para Kathakali de Nova Déli (Índia), dão continuidade à Temporada Sesc Outono/97 e prometem proporcionar uma dimensão maior sobre a dança kathakali.
Três programas diferentes, com duração média de 2h15, sem intervalo, se alternarão até domingo. Todos têm origens em obras épicas indianas.
"Narakasura Vadham", que será apresentado hoje, e "Kiratan", atração de amanhã, foram extraídos do "Mahabharata", enquanto "Duyodhama Vadham", programado para domingo, vem dos contos sagrados dos "Puranas".
"Também temos representações derivadas de obras modernas. Mas, escolhi peças oriundas da tradição porque proporcionam um entendimento melhor do kathakali em espetáculos de curta duração, como os que serão realizados em São Paulo", explica Karunakaran.
Hoje um dos mais requisitados professores de kathakali da Europa, Karunakaran vive em Paris, onde costuma colaborar na preparação corporal de atores de companhias teatrais importantes, como o Théâtre du Soleil, da diretora Ariane Mnouchkine. Também Peter Brooke já contou com Karunakaran na realização do filme "Mahabharata".
"Kathakali não é uma dança no sentido convencional. Na verdade, é uma dança-drama, interpretada por atores que em vez da palavra usam o corpo para se expressar", explica Karunakaran.
Exigindo grande disciplina de seus intérpretes, o kathakali se baseia em gestos das mãos e das expressões faciais. Uma espécie de alfabeto, formado por 24 sinais básicos que permitem inúmeras combinações, compõem a linguagem do kathakali.
Segundo Karunakaran, dois intérpretes de kathakali são capazes de conversar sobre qualquer assunto apenas com esta linguagem de sinais, realizada dentro de ritmo e tempo específicos.
Uma outra característica importante do kathakali é a maquiagem, que define a natureza dos personagens.
Aqueles que têm o rosto pintado de verde, por exemplo, possuem caráter refinado e nobre - como o deus Shiva.
Cerca de quatro horas são necessárias para que os atores completem as maquiagens e vistam suas roupas elaboradas e fortemente coloridas.

Espetáculos: Narakasura Vadhan (hoje); Kiratam (amanhã) e Duyodhama Vadham (domingo)
Com: grupo do Centro Internacional para Kathakali de Nova Delhi, dirigido por Karunakaran
Onde: parque da Independência (praça do Monumento s/nº, Ipiranga, zona sul de São Paulo)
Quando: hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 20h
Quanto: grátis (retirar convites com antecedência nas unidades do Sesc Consolação, tel. 011/256-2322; Ipiranga, tel. 011/273-1633; Paulista, tel. 011/284-2111 e Pompéia, tel. 011/864-8544)

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