São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997 |
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Sem dinheiro, soldados viram guarda-costas
RICARDO BONALUME NETO
Em Kinshasa, já é possível contratar soldados do Exército, ou mesmo do serviço secreto, como guarda-costas particulares. Alguns jornalistas estrangeiros já o fazem. Por US$ 10 ao dia é possível ter um guarda-costas armado com uma pistola. Mesmo com a necessidade crescente, ainda é mais barato do que um intérprete (US$ 40 por dia), pois é muito mais difícil achar um zairense que fale inglês e francês do que um que esteja armado. Na maior parte dos casos, os funcionários públicos não recebem salários há seis meses. Por isso, qualquer passagem por uma repartição pública costuma incluir o pagamento de gratificações para a "maman" (mãe) do funcionário. O próprio Exército sente o problema. Um dos quartéis estratégicos da capital é o Campo Kokolo. No local onde os soldados faziam exercícios físicos, hoje existe uma plantação de bananas. Vários terrenos na cidade estão tomados por plantações de milho. Apesar da dificuldade de abastecimento, que afeta principalmente a população mais pobre, a elite zairense e os estrangeiros não passam necessidade. Kinshasa tem lojas, geralmente de libaneses, que só aceitam moeda estrangeira. Em um desses supermercados é possível comprar queijos belgas, água mineral Perrier, sucos e compotas francesas, geléias ou chá ingleses, batatas sul-africanas, carne, vegetais e frutas à vontade. Em uma loja free-shop ao lado, podem-se comprar perfumes e vinhos franceses, uísque escocês e gravatas italianas. Uma garrafa de vodca Smirnoff custa pouco mais que em supermercado brasileiro. A situação das Forças Armadas zairenses fica clara quando se nota que esses poucos estabelecimentos vendendo artigos de luxo são guardados por tropas do Exército. Seus uniformes são melhores, e suas armas, mais bem cuidadas do que as dos colegas que não conseguiram o "bico". (RBN) Texto Anterior: Rebeldes estão a 20 km de Kinshasa Próximo Texto: Impasse nas negociações causa tensão em Kinshasa Índice |
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