São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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O ALTO RISCO BRASIL

Os financistas internacionais observam cada país devedor com uma preocupação óbvia: saber se tem condições de pagar as suas contas.
No caso do Brasil, os dados divulgados ontem pelo BC levarão mais preocupação aos credores.
O déficit nas contas externas do país chegou a 3,9% do PIB em abril. Embora seja difícil precisar qual o limite do bom senso nessa área, há uma sabedoria convencional que fixa em 3% a fronteira da sensatez. O "risco Brasil", portanto, supera um limite apontado como prudente. O país encontra-se bem além do que seria razoável.
Mas o "déficit em conta corrente" (diferença entre o valor das exportações e das importações, investimentos, remessas, pagamentos de juros etc.), que corresponde a esses 3,9% do PIB, não é certamente o único indicador importante da fragilidade da posição externa brasileira.
Desde janeiro, por exemplo, houve uma perda de US$ 3,939 bilhões no caixa do Banco Central, com queda nas reservas de US$ 60,110 bilhões para US$ 56,171 bilhões.
Outra forma de ver o problema é constatar que o rombo nas contas externas nos primeiros quatro meses de 1997 piorou 106,94% em relação ao mesmo período de 1996.
Se, mesmo assim, o observador (e os credores) da economia brasileira ainda não estiver convencido de que o "risco Brasil" está elevado e se agravando, pode-se ainda notar que o déficit projetado para a balança comercial pode ser até três vezes maior do que o foi no ano passado.
Essa deterioração nas contas externas do país ocorre num momento em que tanto empresas quanto governo vêm endividando-se mais nos mercados internacionais (com participação crescente do setor privado não-financeiro).
Os indicadores conduzem, em última análise, à conclusão de que o risco cambial aumentou. A política econômica volta-se cada vez mais para enfrentá-lo. Resta saber se o fará no ritmo e na intensidade adequados.

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