São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zona Franca financiou campanha de Amazonino para governo em 94

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; ANDRÉ MUGGIATI
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

ANDRÉ MUGGIATI
A Zona Franca de Manaus financiou a campanha de Amazonino Mendes (PFL) ao governo do Amazonas em 1994.
Entre os principais financiadores da campanha do governador amazonense estão empresas como a Fuji Photos do Brasil, uma multinacional que contribuiu com R$ 200 mil. Depois dela vêm a Semp Toshiba, com R$ 173 mil, e a Evadin, com R$ 160 mil.
Principal fonte de financiamento de campanhas eleitorais do Amazonas, a Zona Franca também foi envolvida no projeto de reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Dois grupos políticos disputam o controle da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). Um deles é liderado por Amazonino; o outro, pelo deputado Arthur Virgílio (AM), secretário-geral do PSDB. Ambos apóiam o presidente Fernando Henrique.
Acusado nas gravações obtidas pela Folha de pagar R$ 200 mil a cinco deputados do Acre para votarem pela reeleição, Amazonino condicionou seu apoio a mais um mandato de FHC à retomada do controle da Suframa.
O governador quer a cabeça do atual superintendente, Mauro Ricardo Machado Costa.
A Zona Franca é uma espécie de galinha dos ovos de ouro do Amazonas. Além de fonte de financiamento de campanhas, ela representa mais de 90% da economia do Estado. Em 1996, faturou R$ 13,2 bilhões -seu orçamento para 97 supera os R$ 100 milhões.
Com 500 empresas em seu parque industrial, a maioria multinacionais, as fábricas da Zona Franca geram 48 mil empregos diretos -o comércio que gira em torno dessa atividade emprega diretamente outras 60 mil pessoas.
Planos
Os choques entre Mauro Costa e Amazonino acabaram com a virtual vitória do último (leia texto abaixo). Mas contratempos e o suposto envolvimento de Amazonino no esquema de compra de votos parou o processo de troca.
Se Costa deixar seu posto, aumentarão as suspeitas de que houve mesmo a compra de votos. O superintendente não quis falar.
A suspensão da troca de comando na Suframa também afeta outros planos políticos de Amazonino. O objetivo do governador era se tornar o político mais influente da região amazônica e do Norte do país, que inclui sete Estados.
A Folha apurou que também passava pelos seus planos a criação de um novo órgão oficial, que teria seu controle político.
Trata-se da Agência de Desenvolvimento da Amazônia Ocidental, que englobaria a Suframa e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia.

Texto Anterior: Presidente FHC sucumbe à armadilha prevista em livreto pelo senador FHC
Próximo Texto: Suframa pode acabar em Brasília
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.