São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Suframa pode acabar em Brasília

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O impasse criado pela disputa política sobre a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) pode levar a entidade a se mudar para Brasília.
A Folha apurou que o Ministério do Planejamento discute a transferência da Suframa para a capital como forma de reduzir a pressão das disputas locais sobre o órgão.
A eventual mudança tem a seu favor o fato de que a Suframa sairia fisicamente de Manaus -e impediria pressões diretas de políticos e constrangimentos ao seu "staff".
O argumento contrário é justamente sua chegada a Brasília -que abriria o apetite de lobistas de todos os tipos.
A recuperação do controle da Suframa foi um dos objetivos do governador Amazonino Mendes (PFL-AM) ao negociar seu apoio à emenda da reeleição.
Agora, o governo federal está em situação difícil porque a pressão de Amazonino pelo cargo cresceu e, ao mesmo tempo, o governador está envolvido nas denúncias de suposta compra de votos reveladas pela Folha.
A pressão cresceu porque Costa cortou laços de influência do governo estadual na Suframa e até demitiu duas parentes do governador acusadas de ser "fantasmas".
Há cerca de 15 dias, Mauro Costa viu sua situação se agravar. O superintendente recebeu os primeiros sinais de que o Planalto não iria bancá-lo mais no cargo.
"Foi simples. Amazonino veio cobrar a dívida por ter apoiado a reeleição", afirma Serafim Corrêa, candidato derrotado à Prefeitura de Manaus pelo PSB.
O ministro Antonio Kandir (Planejamento) recebeu sinal para aceitar o nome de Marlênio Ferreira, homem de confiança do senador José Sarney (PMDB-AP) e seu representante nas negociações sobre a Área de Livre Comércio de Macapá (AP), instituída em 1994 -e subordinada à Suframa.
Kandir resistiu, dizendo que preferia um técnico de sua confiança no cargo -afinal, Costa é da confiança de José Serra, seu antecessor no Planejamento e desafeto.
Houve pressão do PSDB-AM, interessado em manter o "homem de Brasília" no cargo, criando um contraponto a Amazonino e evitando também o rótulo de fisiológica para a substituição.
A situação foi postergada até a terça-feira passada -quando o caso da compra de votos paralisou Amazonino, embora Costa continue com a cabeça na guilhotina.

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