São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Táxi é opção de quem tem medo de guiar

JULIANA GARÇON
DA REPORTAGEM LOCAL

Ter ou não um carro muitas vezes vai além da questão econômica. É uma opção de vida.
A dentista aposentada Liz Rosso, 58, não tem e não quer ter um veículo próprio. Ela gasta, diariamente, R$ 20 com táxi. As prováveis vantagens financeiras de investir em um carro não a interessam. Para a dentista, vale mais a pena não se expor à tensão do trânsito paulistano, que a deixa "insegura".
Por medo de dirigir em São Paulo, a enfermeira Tatiana Torres Ribeiro, 33, prefere ir para o trabalho de táxi.
A viagem de sua casa ao hospital custa, em média, R$ 20. "É mais caro, mas compensa", diz.
Independência
Um mês com seu Uno Mille na oficina foi suficiente para convencer o advogado Mauro Augusto Ponzoni Falsetti, 26, de que carro é "essencial".
Nesse período, Falsetti precisou usar táxi e concluiu que as corridas são "caras demais".
Além disso, afirma, o carro proporciona independência. "Vale muito mais a pena que táxi", assegura.
Falsetti nunca calculou o custo anual do veículo. "Talvez uns R$ 2.000", estima. À conta deste ano incluirá R$ 570, valor da franquia para consertar o carro depois de um acidente.
Liberdade é a maior vantagem proporcionada pelo carro, de acordo com a publicitária Estefânia Pessoa de Mello, 24.
Ela gasta R$ 40 por semana para encher o tanque de seu Palio, paga um seguro de R$ 1.169 e gastou R$ 420 com IPVA. Mas não tem a menor idéia de quanto gasta por ano com o carro.
Só tem certeza de que carro é o melhor meio de locomoção. Nunca pensou em táxi como opção, "muito menos em transporte coletivo".
Donos de um Porsche 88, os cantores de ópera Roberto Fabel, 45, e Uxa Tamm, 56, usam metrô ou ônibus para chegar ao teatro Municipal, onde trabalham. Dizem que assim não ficam "neuróticos" com o trânsito.
Além disso, lembram que ir de carro seria muito mais caro -calculam em R$ 1.000 a quantia economizada, por mês, com combustível e estacionamento.
A advogada Bia Gram, 40, afirma que deixaria o carro em casa e tomaria táxi se não tivesse reuniões em locais distantes.
Para ela, o trânsito é a pior desvantagem de adotar o carro próprio como meio de transporte.
A advogada reclama das tarifas de táxi. Ela cita Nova York como uma cidade onde o preço da corrida é bem mais baixo.
(JG)

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