São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997 |
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Partida tem um único pagante
MÁRIO MAGALHÃES
No trabalho -é motorista do Ministério da Agricultura, em Boa Vista-, passa o tempo a comentar resultados, jogadas e jogadores. Sabe tudo sobre futebol, seja na Espanha, em São Paulo, no Rio de Janeiro ou Roraima. No dia 22 de junho do ano passado, ele conseguiu se superar. Foi o único pagante da partida entre Rio Negro e Progresso, clube para o qual se inclina seu coração no Estado -no futebol paulista, ele é Palmeiras e, no carioca, Flamengo. As poucas dezenas de presentes no estádio Canarinho não chamaram sua atenção -afinal, quase sempre é assim. O que ele não sabia é que as outras testemunhas do clássico haviam entrado gratuitamente, na cota de ingressos reservada a cada equipe. Na época, havia jogos nas tardes de sábado. "Eu comprei ingresso, assisti à partida e, no domingo de manhã, vi a TV anunciando o publico. 'Pô, sou eu"', gritou Souza. Em seguida, ele ouviu a renda: R$ 5, o equivalente a 4,46% do salário mínimo de então (R$ 112). "É o cúmulo saber que só você pagou", diz Souza. O pior, acrescenta, foi a derrota do Progresso, onde jogam dois sobrinhos seus, por 3 a 2. Cota de R$ 1 Os clubes não puderam reclamar da renda do jogo, do qual saíram sem um tostão -cada um recebeu a cota de R$ 1. Um mês antes, em outro triunfo (2 a 1) do Rio Negro contra o mesmo Progresso, o público pagante fora de quatro pessoas, com renda de R$ 20. A média em 1996 foi de 131 pessoas, conforme levantamento do radialista Adílio Bezerra, animador do programa "Opinião da Galera" na rádio Roraima. O maior público, na final vencida pelo Baré, 558. Estima-se, com otimismo, que o Canarinho tenha capacidade para abrigar 5.000 espectadores sentados na arquibancada, contando os que pulam o muro sem serem importunados pela polícia. "O governo gasta R$ 4.000 na divulgação de uma rodada, mas as rendas não costumam passar de R$ 600", diz José Raimundo Soares, o assessor técnico de Esporte de Roraima, cargo equivalente ao de secretário estadual. (MM) Texto Anterior: Ingresso de boate vira 'bicho' do clube mais popular da região Próximo Texto: Jogador apanha de bandeirinha Índice |
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