São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Cientistas estudam vacinas contra o HIV

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Somente por meio de vacinação global, opinam os especialistas, conseguiremos extinguir o vírus HIV, causador da Aids. Acontece, porém, que, ao contrário dos meios de tratamento, a vacinação contra o HIV tem sido relegada a segundo plano.
Mas agora há intensa determinação de atacar o problema, mobilizando governo, empresas farmacêuticas e especilistas para um esforço conjunto.
Descarta-se de saída a pesquisa de vacinas feitas com o vírus atenuado por processos físicos, químicos e fisiológicos, porque o HIV é muito sujeito a mutações e, assim, poderão ocorrer mutações, transformando a vacina em meio de propagar a doença.
Christine Gorman, na revista "Time", organizou lista das vacinas em preparação, algumas já em fase de teste.
As primeiras delas são produzidas com proteínas extraídas do envoltório e do interior do HIV, na esperança de, assim, estimular as defesas naturais do corpo. Os resultados são ainda controversos.
A seguir vêm as vacinas em que genes das proteínas de HIV são inseridos no vírus atenuado de bouba de canário. Os testes estão em andamento, e as vacinas devem ser utilizadas juntamente com as do primeiro grupo. A terceira técnica consiste em fragmentos de genes do HIV, incapazes de se reproduzir, também na expectativa de aumentar a resistência específica ao vírus. A vacina começou a ser testada em seres humanos e pretende-se utilizá-la em con
junto com as anteriores.
Muita esperança se deposita nas vacinas preparadas a partir de vírus cujos genes foram apagados.
Vacinas semelhantes já foram experimentadas com aparente êxito em macacos infectados com o vírus SIV, muito aparentado com o HIV.
A última técnica referida pela autora consiste em inserir num vírus atenuado genes susceptíveis a drogas. São esses os produtos vacinantes atualmente em pesquisa.
Merecem especial referência as investigações de Ronald Desrosiers, da Escola de Medicina Harvard.
Ele trabalhou especialmente com o SIV, o vírus causador da Aids dos macacos, muito parecida com a Aids dos humanos.
Desrosiers descobriu que quando se retiram alguns genes do genoma do SIV, obtém-se vacina segura e eficiente, que dá aos macacos com ela injetados imunidade duradoura contra repetidas doses do vírus.
Desrosiers preparou vacina semelhante com o HIV e a inoculou em chimpanzés, mas ainda está aguardando os resultados, porque o processo é muito lento. Seu ideal é testar vacinas humanas em pessoas numa localidade muito infectada e comparar os resultados antes e depois da vacinação.
Os indivíduos vacinados teriam de ser regularmente examinados. Descobriram-se casos de vírus espontaneamente atenuados, mas por motivos éticos é impossível avaliar se eles estão imunizados contra o vírus ativo.

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