São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Solidão com dignidade

XICO SÁ

O homem solitário não deve ter vergonha da sua condição.
Tem até um naco de elegância fazer um certo tipo chapliniano de anti-herói em rondas pelas ruas.
Fazer um jeitão "I want to be alone" pelos balcões, cinemas, sebos de livros da Paulista. De preferência folheando o desprezo maior de um volume de Alberto Moravia.
Vale até fingir que não guarda o menor interesse por aquela Beatriz que traga solenemente o seu daiquiri no mesmo balcão, colada em você, no mesmo purgatório. Contenha-se, exercite o seu lado Greta Garbo (foto), ícone da solidão, autora da frase em inglês aí acima.
Também não se humilhe diante da agenda, depois de correr do "A" de Adriana ao "Z" de Zulmira. Não deixe recado na secretária eletrônica, ela guarda para sempre a sua voz de mendigo do amor -mercadoria que não se pede nem mesmo à própria mãe.
Como diz o amigo M.R., nada mais digno que voltar para casa, até no inverno, chupando o frio Chicabom da solidão.

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