São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Coquetel revolucionou tratamento da Aids
JAIRO BOUER
Antes do coquetel, os portadores do vírus recebiam apenas inibidores da transcriptase reversa -enzima que atua na fase inicial do ciclo de vida do vírus. O mais conhecido desses remédios é o AZT. O problema é que, depois de alguns anos, o vírus fica resistente à medicação e volta a destruir as células de defesa do corpo. Mesmo a combinação entre dois tipos de inibidores não consegue "segurar" o vírus por muito tempo. Nos anos 90, os laboratórios conseguiram desenvolver uma nova classe de drogas: os inibidores da protease -enzima que atua na fase final de vida do vírus. Mas o uso isolado desse tipo de droga também leva à resistência do vírus. Só em 95 o pesquisador David Ho, de Nova Yorque, começou a tratar os pacientes com uma combinação de um inibidor da protease e dois inibidores da transcriptase reversa, o "coquetel". O esquema ganhou espaço na mídia em julho de 96, quando os primeiros resultados com o coquetel começaram a vir a público. O idéia de Ho era que um esquema que atuasse em duas fases diferentes do ciclo de vida do vírus garantiria maior potência e menor chance de resistência. Ele estava certo. Os remédios reduzem a carga viral (quantidade de vírus no sangue) para níveis indetectáveis. Pacientes com a doença bastante avançada voltam a ganhar peso, recuperam seu sistema imunológico e podem até retomar suas atividades habituais. Nos EUA, as mortes por Aids caíram de 50 mil, em 94, para 25 mil, em 96. Os pacientes mais "velhos" no tratamento com o coquetel usam os remédios há cerca de dois anos. No Brasil, a maior parte deles teve acesso ao coquetel a partir do segundo semestre de 96. (JB) Texto Anterior: Resistência pode gerar 'supervírus' Próximo Texto: Modelo sugere cura em 3 anos de medicação Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |