São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Cuidados freiam temporada de falta de ar

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JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

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Poluição, oscilações bruscas de temperatura, gripes, resfriados e a "saída do armário" de casacos e cobertores empoeirados vão fazer muita gente espirrar e sentir falta de ar nas próximas semanas.
Nessa época do ano, o número de casos de rinite alérgica e de asma costuma dar um salto impressionante. E o estrago não é pequeno: estima-se que cerca de 20% da população tenha algum tipo de alergia respiratória. Mas será que a ciência ainda não descobriu nada que possa evitar essa situação?
Enquanto uma onda de novos estudos começam a investigar a possibilidade de fazer uma "prevenção química" das principais alergias respiratórias, os especialistas concordam que uma série de medidas práticas podem prevenir ou, pelo menos, diminuir a frequência e a intensidade das crises.
Wilson Aun, chefe da seção de imunologia do Hospital do Servidor Público Estadual (SP), diz quais são as medidas que podem salvar os alérgicos: evitar ambientes com fumaça de cigarro, lavar cobertores e malhas de lã e secá-los ao sol, bater tapetes no quintal, deixar a casa limpa e arejada e pôr plantas, cortinas, animais e bichos de pelúcia fora do quarto.
Fábio Morato Castro, coordenador do ambulatório de rinite alérgica do Hospital das Clínicas, diz que outra medida útil é a colocação de tecidos que evitam a passagem de pó sobre travesseiros e colchões. Esterilizadores de ar e acaricidas -que destroem os ácaros (microorganismos que vivem no pó)- completam o arsenal.
Prevenção química
Charles Naspitz, professor titular de alergia e imunologia da Unifesp, revela que, em 92, foi feito um estudo no Brasil com cerca de cem crianças portadoras de dermatite atópica -reação alérgica na pele-, relacionada com a progressão para um quadro de asma.
Metade das crianças recebeu placebo (pílula sem efeito) e a outra metade recebeu cetotifeno, um anti-histamínico (remédio contra as alergias). Depois de um ano, o estudo foi aberto e se constatou que 42% das crianças que receberam placebo tiveram crises de asma, contra apenas 13% das crianças que tomaram antialérgico.
O estudo está agora sendo realizado com mais de 800 crianças européias, que vão receber o antialérgico cetirizine por 18 meses. Se o resultado confirmar os números do Brasil, crianças pequenas com dermatite atópica podem se tornar sérias candidatas ao uso de antialérgicos para a prevenção da asma.
Outro estudo fornece loratadina por oito semanas a alérgicos que habitam cidades poluídas, tentando evitar crises de asma.

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