São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Ibrahim Eris defende liberação do câmbio

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O economista e ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris, atualmente à frente do banco de investimentos Linear, é um dos maiores críticos da atual política de câmbio do governo federal.
Para ele, o regime de bandas cambiais, no qual o BC acaba determinando as desvalorizações mensais do real por meio de leilões de compra e venda de dólar, já não tem credibilidade.
"Enquanto houver esse regime cambial, vai continuar existindo a idéia de que o câmbio que está aí não é o de equilíbrio", avalia.
Para ele, melhor seria o governo deixar a cotação do dólar flutuar livremente, para o mercado encontrar esse equilíbrio.
"Atualmente o BC corrige o real em 0,6% ao mês. Mas porque não 0,3%? Qual é o critério usado?", questiona o ex-presidente do BC.
Ele concorda que o efeito de uma eventual liberação do câmbio poderia ser o de uma desvalorização do real em relação ao dólar.
O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, da USP, considera difícil imaginar o que aconteceria se o governo deixasse o câmbio flutuar livremente.
"É difícil prever, porque o resultado também dependeria do fluxo de dólares para o país e ainda do processo de privatização", afirma.
Na avaliação do economista, também por essa razão o processo de privatização é atualmente uma "necessidade" para a continuidade do Plano Real.
E também porque melhora a imagem que os investidores internacionais fazem do processo de ajuste da economia brasileira.
"É importante o que o investidor pensa da capacidade de pagamento que o Brasil tem", afirma Giannetti da Fonseca.
Por esse motivo ele teme as consequências de um eventual atraso no programa de privatização ou uma mudança no cenário internacional, que reduza a quantidade de dólares disponível ao Brasil.
"E estamos caminhando para isso. Nos meus piores momentos, chego a achar que somos um México em câmara lenta."
Com relação à conjuntura internacional, Ibrahim Eris é menos pessimista. Para ele, a recente alta dos juros norte-americanos foi apenas um ajuste, e não uma mudança de rumo da política monetária dos EUA.
(LAC)

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