São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Direita e esquerda prevêem disputa acirrada

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Representantes da direita e da esquerda ouvidos pela Folha esperam uma disputa acirrada entre as duas forças no primeiro turno das eleições.
"Não vai ser fácil. Existe, de fato, um empate técnico, e o número de indecisos é muito elevado", diz André Santini, chefe da campanha nacional da UDF (União pela Democracia Francesa, segundo partido da coalizão de governo).
A avaliação dos socialistas é parecida. "O ceticismo dos eleitores criou um quadro que torna qualquer previsão um risco", afirma Jean-Louis Peninou, responsável pelas relações internacionais do Partido Socialista.
Pesquisas divulgadas na semana passada por jornais suíços e pela Internet (a lei proíbe a divulgação na França na semana anterior à votação) dão vantagem para a direita, tendência que prevaleceu durante toda a campanha.
Mas Santini admite que a vitória, se for confirmada, vai ser por uma pequena diferença, mas não acredita que isso seja um problema.
"O crescimento da esquerda já era esperado, e 50 deputados de vantagem é mais do que suficiente. Em 1967, o governo tinha apenas um deputado a mais que a oposição, e, mesmo assim não houve problemas", afirma.
Levantamento do CSA aponta que 19% dos franceses não vêem diferença entre os programas da esquerda e da direita.
"Como tanto faz, os eleitores podem deixar de votar ou escolher candidatos dos pequenos partidos para protestar", disse Rozès.
Embora parte dos votantes não veja diferenças nos programas, governo e oposição têm receitas diferentes para governar a França pelos próximos cinco anos.
Para a coalizão de direita, o "caminho da modernidade" passa pela unificação econômica européia -que, segundo o presidente Jacques Chirac, vai levar a França ao caminho do crescimento.
Para tanto, RPR (Reunião pela República) e UDF propõem realizar ajustes internos de modo a adequar a França aos critérios do Tratado de Maastricht.
Diminuir o volume de impostos em US$ 5 bilhões até o final do ano, estimular a geração de empregos por meio da redução dos encargos sobre os salários mais baixos e congelar as despesas públicas fazem parte das propostas do governo.
O Partido Socialista propõe rediscutir os critérios da unificação monetária, de modo a assegurar ela não implique prejuízos na área social aos países-membros.
Para combater o desemprego -que atinge 12,8% da população ativa (3,4 milhões de pessoas)-, os socialistas propõem a criação de 700 mil empregos em cinco anos por meio do remanejamento das verbas sociais.
Eles também defendem uma discussão para reduzir a jornada de trabalho de 39 horas para 35 horas semanais, sem cortes salariais.
Mas os eleitores tendem a acreditar que pouca coisa vai mudar em curto prazo, tanto em caso de vitória da direita quanto da esquerda, dizem cientistas políticos.
"Se o governo mantiver o poder, Alain Juppé deve continuar como primeiro-ministro, o que significa que as coisas vão continuar na mesma direção. Se a esquerda vencer, vai ter de se adequar a processos que já estão em andamento", avalia Stéphane Monclair, professor de ciência política da Sorbonne. (MARTA AVANCINI)

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