São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Jospin reestruturou o Partido Socialista

DE PARIS

O ex-ministro da Educação Lionel Jospin, 59, é a principal liderança da esquerda na França na atualidade e, segundo pesquisas, o preferido para ocupar o cargo de primeiro-ministro, no lugar de Alain Juppé.
Mas os mesmos levantamentos indicam que o primeiro-secretário do Partido Socialista deve, mais uma vez, "morrer na praia".
Na campanha deste ano, socialistas e comunistas juntos chegaram a ameaçar a coalizão de governo, que esperava uma vitória fácil. Mas os indícios são de que a esquerda não vai conquistar a maioria das 577 cadeiras da Assembléia Nacional -e Jospin não vai ficar com o cargo de primeiro-ministro.
Desde 1995, ele ocupa a posição que pertenceu ao ex-presidente François Mitterrand, que morreu no início do ano passado.
Nessa condição, Jospin vem liderando um processo de reestruturação do PS, cuja popularidade caiu sensivelmente ao longo dos 14 anos do governo Mitterrand (1981-1995).
A rejeição aos socialistas pode ser medida pelo desempenho do partido nas eleições legislativas de 1993, quando elegeu 63 deputados, contra 260 da legislatura anterior.
A derrota de Jospin para Jacques Chirac nas eleições presidenciais em 1995 foi o auge do processo de descrédito dos socialistas.
Apesar de ter tido uma votação considerada surpreendente na época (47,3% dos votos), Jospin não conseguiu superar Chirac, que teve 52,4%.
Diante desse desempenho, o cientista político Jospin tem procurado mostrar uma nova face dos socialistas franceses, em processo de superação da "fase negra".
Durante a campanha, ele admitiu diversas vezes que o partido cometeu erros no passado, mas sempre insistindo, em contrapartida, na idéia de renovação.
Uma renovação que chega ao ponto de ele admitir publicamente a possibilidade de consultar os funcionários da France Télécom, a gigante estatal das telecomunicações na França, sobre o processo de privatização da empresa, antes condenado pelos socialistas.
Muitos o compararam a Tony Blair. Quando questionado sobre o que o separava do premiê britânico, Jospin respondeu: "O canal (da Mancha). Mas com o túnel..."

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