São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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ENFRENTAR AS MAZELAS

No editorial "Purgatório astral", de 1º de maio, esta Folha referia-se às primeiras dificuldades que, se não caracterizavam uma crise, ameaçavam nublar o mandato de Fernando Henrique Cardoso. Desde então, vários eventos permitem afirmar que não apenas o presidente, mas a nação como um todo vive um momento de crescentes tensões.
Da marcha dos sem-terra à erupção dos sem-teto no noticiário, da barbárie da PM paulista em Diadema à série de rebeliões em presídios, da compra de votos ao esforço do governo para evitar uma CPI que investigue o escândalo em profundidade, o que se vê agora é uma combinação, talvez fortuita e em um intervalo de tempo relativamente curto, de fatos que põem a nu as mazelas do país.
É verdade que a maioria delas faz parte de uma situação secular. Mas a consolidação do regime democrático nos últimos 12 anos e o fim dos regimes comunistas permitiram que todos esses problemas aflorassem com maior facilidade e evidência.
Antes, ainda se atribuía a discussão de tais questões a supostas intenções subversivas. Hoje, as instituições que deveriam atender às principais demandas sociais vêm-se mostrando lentas ou ineptas, apesar dos esporádicos sinais de boa vontade, bem como do inegável progresso representado pela estabilização da economia.
Tudo somado, persiste a crescente sensação de que os esforços por "reformas" não poderão se limitar às distorções localizadas nas três áreas priorizadas pelo governo (previdenciária, tributária e administrativa). Há outras, e tão graves, nos âmbitos político, educacional e cultural, que igualmente contribuem para o forte sentimento de que o Brasil precisa ser passado a limpo, de modo que possa enfrentar suas mazelas de maneira mais efetiva.

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