São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997
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Motim na Grande SP mata pelo menos 1

DA REPORTAGEM LOCAL; DA FT

Pelo menos um preso foi morto e outros dois foram feridos ontem à tarde em uma rebelião na cadeia de Ferraz de Vasconcelos (Grande SP). Até as 18h10 de ontem, os presos ainda mantinham nove familiares de detentos como reféns e teriam em seu poder uma arma de fogo.
Segundo a polícia, os presos chegaram a efetuar dois disparos contra os investigadores. As balas acertaram um Santana estacionado no pátio.
A rebelião começou às 12h, durante o horário de visitas dos faxinas (presos de bom comportamento), depois de uma fuga frustrada por seguranças da prisão. Oito mulheres e duas crianças, uma delas de 14 dias, ficaram em poder dos rebeldes. Às 16h, uma das crianças foi libertada.
Os presos reclamavam da superlotação da cadeia e pediam a remoção de cem internos para penitenciárias do interior do Estado. A cadeia de Ferraz de Vasconcelos tem espaço para 24 presos, mas abrigava ontem 174 detentos.
Segundo policiais do Garra (grupo especial da Polícia Civil) chamados para ajudar a evitar fugas na cadeia, pelo menos três presos foram feridos e estendidos no pátio. Os policiais aguardavam o fim da rebelião para verificar seu estado de saúde.
Além do Garra, foram chamados para reforçar a segurança em torno da cadeia policiais militares e civis de Poá, Itaquaquecetuba e capital.
O diretor do Demacro, o delegado Gerson Carvalho, foi para Ferraz de Vasconcelos negociar com os rebeldes, junto com o diretor da cadeia, Juarez Pereira Campos. Os policiais aguardavam a chegada do juiz-corregedor para ajudar a negociar o fim do motim com os presos.
Primeiro Comando
A CPI do Crime Organizado da Assembléia Legislativa passou a investigar a existência do chamado PCC (Primeiro Comando da Capital), uma suposta organização de presos que estaria por trás das rebeliões em estabelecimentos prisionais de São Paulo. O caso já está sendo investigado pelo Ministério Público desde a última terça-feira.
Na semana passada, o presidente da CPI, deputado Afanasio Jazadji (PFL) enviou requerimentos às secretarias da Segurança Pública e da Administração Penitenciária solicitando informações sobre quanto o governo já gastou com depredações de cadeias e se já foram identificados os supostos líderes do PCC.
"O que está me cheirando nisso é uma prevaricação total por parte das autoridades, pois os presos estão dando grandes prejuízos ao Estado", disse o deputado. A secretaria da Segurança não comentou o caso. A da Administração Penitenciária nega a existência do PCC.

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