São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997 |
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Remédio fez jovem matar, diz advogado Antidepressivo e álcool teriam alterado consciência JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
Robert Fogelnest, advogado de Christopher Vasquez, 15, declarou que seu cliente perdeu a razão devido à mistura de antidepressivo com bebida alcoólica. "Ele estava tomando um remédio chamado Zoloft, que é da família do Prozac, para superar a separação dos pais. Ao misturá-lo com álcool e outras substâncias químicas, o indivíduo pode ter um acesso de loucura", disse Fogelnest. "O erro foi de quem receitou o remédio a um garoto de 15 anos, que sempre se mostrou um rapaz gentil, educado, estudioso." Vasquez e Daphne Abdela, 15, foram vistos horas antes do crime, na madrugada de sexta, bebendo cerveja no Central Park com a vítima, identificada como o agente imobiliário Michael McMorrow. Assédio Segundo a polícia, os adolescentes tentaram esquartejar o corpo para dificultar a identificação. McMorrow recebeu mais de 50 facadas no rosto, nas costas, no pescoço, nos braços e no estômago e foi jogado no lago do parque. Os dois são ainda acusados de terem roubado dinheiro da carteira da vítima. Vasquez e Abdela estavam namorando havia seis semanas. Apesar de ter sido encontrada com a roupa suja com o sangue de McMorrow, Abdela afirmou que "apenas presenciou o crime". Em depoimento contraditório, ela chegou a dizer que o motivo do ataque foi a tentativa de McMorrow de assediá-la sexualmente. Os dois serão julgados como se fossem adultos (a lei local prevê um exame de cada caso, em situações como essa), correndo o risco de condenação à prisão perpétua. Ex-coroinha de uma igreja católica, Vasquez estudava na Beekman, uma das mais tradicionais escolas particulares de Nova York, e não apresentava passagens anteriores pela polícia. Filha adotiva de um executivo de uma das principais indústrias do gênero alimentício dos EUA e de uma ex-modelo francesa, Abdela tentava encontrar seus pais verdadeiros. Na semana passada, havia sido expulsa da escola. A vítima, que morava com a mãe num apartamento em Manhattan, costumava beber no Central Park à noite. Segurança O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, voltou a declarar ontem que o assassinato foi um caso isolado. "Hoje o Central Park é seguro. As pessoas sabem disto e só deixam de frequentá-lo em dias chuvosos como o de hoje(ontem)", afirmou. Apesar do comentário de Giuliani, as estatísticas mostram crescimento no número de ocorrências policiais no Central Park nos primeiros cinco meses de 1997, em relação a igual período do ano passado. Em 1996, foram registradas 46 ocorrências. Em 1997, o número já chegou a 56. Texto Anterior: Mudanças no futuro são incertas Próximo Texto: Esquerda sai na frente na França Índice |
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