São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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CPI investiga conta suspeita nos EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Precatórios recebeu documentos que demonstram que o ex-assessor da Prefeitura de São Paulo Pedro Neiva pode ter recebido do Banco Vetor depósito de US$ 460 mil em conta no Republic International Bank of New York, dos Estados Unidos.
Os documentos são um aviso de crédito para "PNF", que o relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR), acredita serem as iniciais de Pedro Neiva Filho, e anotações à mão com o número da conta na agência do banco em Miami.
As anotações fazem referências a Wagner, que Requião acredita ser o ex-coordenador da Dívida Pública da prefeitura Wagner Baptista Ramos, e a Paper, possivelmente a corretora Paper.
O depósito foi feito no dia 27 de setembro de 1995, data em que a prefeitura vendeu títulos municipais ao Banco Vetor ao preço de R$ 70 milhões, que deveriam ser usados para pagar dívidas decorrentes de decisões judiciais.
Nessa operação, o Banco Vetor ganhou R$ 646 mil. O Vetor vendeu os títulos da prefeitura ao Banco Indusval, que os repassou à distribuidora JHL. Os títulos foram então revendidos para a distribuidora Paper e terminaram comprados pelo Bradesco.
Apesar do prejuízo de R$ 715 mil registrado pelo Indusval, a "cadeia da felicidade" -como Requião classifica o fluxo de compra e venda de títulos- rendeu lucro de R$ 3,9 milhões para as instituições que negociaram os títulos.
Os documentos foram apreendidos pela Polícia Federal na sede do Vetor no Rio de Janeiro e, segundo Requião, indicam que a conta em Miami pode ter sido usada para receber comissões dos envolvidos no escândalo dos precatórios.
Requião disse que vai solicitar que a Polícia Federal tome "rapidamente" novos depoimentos de Neiva e do empresário Fábio Nahoum, sócio do Banco Vetor.
A CPI também vai pedir à Justiça americana que identifique o titular da conta 033.095.4752 do Republic International Bank of New York.
"É provável que essa conta não exista mais, mas é muito provável também que tenha sido usada para receber depósitos de envolvidos no esquema", disse Requião.
Pedro Neiva e Wagner Ramos trabalhavam juntos no Departamento da Dívida Pública da Prefeitura de São Paulo.
Ramos ocupava o cargo desde a gestão da prefeita Luíza Erundina e Neiva foi trabalhar na prefeitura na gestão de Paulo Maluf, a convite do então secretário das Finanças Celso Pitta.
A CPI atribui a Wagner Baptista Ramos a concepção das montagens de processos para a emissão de títulos que supostamente seriam destinados ao pagamento de precatórios.
Ramos prestou assessoria à corretora Perfil, que operou com o Vetor em várias emissões de títulos sob investigação da CPI.
Na terça-feira, a CPI fará uma sessão secreta para ouvir os senadores que deram pareceres favoráveis à emissão dos títulos por Estados e municípios.
Outro lado
Procurado pela Folha ontem, Pedro Neiva não foi encontrado. Funcionários do Royal Ibirapuera, prédio em que mora, disseram que ele "sumiu" desde as primeiras revelações sobre seu envolvimento no caso dos precatórios.

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