São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Ministro reassume tom político

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A PORTO

O ministro Sérgio Motta, das Comunicações, voltou a afirmar ontem em Porto (Portugal) que tem aval do presidente Fernando Henrique Cardoso em suas declarações, embora tenha se negado a falar especificamente sobre coordenação política.
Durante uma discussão com jornalistas sobre o conhecimento de FHC de suas negociações para a concessão de telefonia celular privada, Motta disse, rindo: "Vocês (jornalistas) precisam entender uma coisa. Tudo o que faço eu faço falando com o presidente. Só que eu tenho um estilo diferente".
A frase, bem-humorada e dentro do estilo "Serjão light" que pontua a viagem particular do ministro a Portugal, foi dita no mesmo momento em que fica mais difícil a ida de Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) para a coordenação política do governo.
Ontem, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) iria jantar com o líder pefelista Jorge Bornhausen em Lisboa. Bornhausen, embaixador do Brasil em Portugal, é adversário velado de ACM dentro do PFL.
No encontro, seria discutido o futuro de Luís Eduardo Magalhães, filho do senador.
Bornhausen iria defender a ida do deputado baiano para a coordenação, só que faltaria uma fórmula ideal. O desfecho do caso ocorrerá amanhã.
Como ministro, seria má idéia porque o cargo já está ocupado por Luiz Carlos Santos (PMDB). Além disso, Luís Eduardo quer concorrer ao governo baiano no ano que vem, e teria que se desincompatibilizar em poucos meses.
Sobraria uma espécie de "supercoordenação" nas duas Casas, criando uma espécie de cargo que acabaria batendo com o dos líderes da situação e com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
O PFL vê o PMDB de Temer "saciado" após a concessão de dois ministérios ao partido (Justiça e Transportes). ACM e Bornhausen irão discutir se vale a pena ter Luís Eduardo no novo cargo.
ACM tende, a Folha apurou, a orientar o filho a não aceitar e Bornhausen acha que Luís Eduardo acabará aceitando algo.
Motta se mantém afastado da discussão. Diz: "Gosto muito do Luís Eduardo. Hoje ele é meu irmão político". Hoje, ACM segue a Paris e se encontra com o filho. Amanhã, um pronunciamento oficial deverá encerrar a questão.

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