São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997 |
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Motta é 'repreendido' por FHC
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
O que faz essa "repreensão" diferente das inúmeras outras que o ministro já recebeu por se exceder na vocalização daquilo que todos imaginam ser o pensamento presidencial? A resposta foi dada pelo próprio presidente em seu último encontro particular com o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), no Palácio da Alvorada, segunda-feira. Diante do convite de FHC para que Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) assumisse a coordenação política do governo, ACM levantou uma dúvida óbvia: qual a garantia de que seu filho não seria atropelado pelo trator de Motta? O que ficou subentendido no diálogo que se sucedeu é que FHC assumiu um compromisso pessoal de que Motta não mais ultrapassará as funções de ministro das Comunicações. FHC deu cartão amarelo para o primeiro-amigo. Após ultrapassar todos os limites, ele não tem mais créditos. Daqui para frente, terá que responder por seus passos em falso e pode até receber o cartão vermelho. É algo difícil de se acreditar, especialmente para um político experiente como ACM. Daí a tentativa do PFL de arrancar garantias mais palpáveis de que Luís Eduardo terá poder de fato: o Ministério das Comunicações, por exemplo. Para azar de FHC, um dia depois de sua conversa com o cacique pefelista, o ministro das Comunicações deu declarações políticas em Portugal. Recebeu um recado do Planalto que era para se calar, mas o estrago estava feito. Como diz um deputado pefelista, o presidente assumiu um compromisso arriscado. No caso de Motta voltar a se meter na articulação política e não ser demitido, ACM pode ir a público e cobrar a promessa. Mesmo sonhando com o lugar de Motta no governo, o PFL sabe que são mínimas as chances de o partido voltar ao Ministério das Comunicações. Mas a eventual saída de Motta abriria uma brecha importante para o partido. Um dos cenários pefelistas, para o caso da saída de Motta, é a sua substituição pelo ministro Clóvis Carvalho, o que abriria uma vaga para o partido dentro do Palácio do Planalto: a Casa Civil. Texto Anterior: Ministro reassume tom político Próximo Texto: PFL tenta atrair a filiação de Lerner Índice |
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